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Opinião
21/02/2020 - 07h15
Os esqueletos e o jeitinho brasileiro
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Coisas malfeitas do passado são denominadas “esqueletos no armário”. O senso geral diz que os seus autores procuram esconder e os adversários os expõem, mas poucos são os dispostos a enfrentar (e resolver) os problemas. Não só a má fé, a corrupção, a desídia e o desejo de levar vantagem em tudo são os criadores de tais caveiras. Muitas delas resultam das variações da visão político-social e, até, de bons propósitos que por alguma razão não alcançaram seus objetivos. Todo ocupante de cargo público - eleito ou nomeado - ao assumir, dá de cara com esqueletos cuja existência desconhecia, a maioria deles, de difícil solução. Os irresponsáveis fazem de conta não ver e deixam o tempo passar; já os ciosos de seus deveres, procuram solucioná-los e, muitas vezes, são impiedosamente atacados justamente pelos produtores das ossadas, normalmente temerosos de suas ações e a verdadeira cara virem a público.

Temos no Brasil um enorme passivo ambiental decorrente de erros e omissões no processo de urbanização. Administradores temerários desmataram pontos básicos do sistema hídrico, canalizaram vales com tubulação insuficiente, impermeabilizaram o solo sem qualquer técnica de drenagem e - o pior - nunca se preocuparam com a destinação do lixo e dos esgotos, jogados “in natura” nos rios. Criaram assim as inundações urbanas, a escassez de água potável e outros problemas à saúde da população. Mesmo depois da edição do Plano Nacional de Saneamento, no começo dos anos 70, a produção de esqueletos novos e preservação dos antigos continuou. Apesar de existência de programas e verbas (até a fundo perdido) para os serviços, governos incompetentes não os realizam ou chegam a utilizá-los para promover favorecimentos e outros resultados criminosos. E o povo continuou sofrendo.

O grande problema nacional é a falta de cumprimento de normas e regulamentos. Os levantamentos dizem, por exemplo, que 53% dos brasileiros não têm acesso à rede de esgoto. Isso resulta de ocupações irregulares, falta de investimento e outras omissões governamentais.

Temos um vasto arcabouço legal e experiência técnica para aplicá-lo de forma a colocar o país em igualdade com os melhores do mundo. Mas os esqueletos deixados e negligenciados nos armários oficiais têm impedido o avanço. Fora as reformas da União (que já começaram pela Previdência), urgem outras de âmbito federal e as de estados e municípios. Sem elas, continuaremos morrendo por causas banais, na comodista expectativa do país do futuro. É preciso que todos os níveis de governo cumpram as leis e atuem para empresas e cidadãos fazerem o mesmo. O esqueleto do jeitinho brasileiro, embora tardiamente, tem de ser sepultado, na cova mais funda que se puder cavar...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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