As tempestades comuns no Litoral Norte, tem uma característica especial em São Sebastião. Quando elas chegam na entrada do Canal que separa São Sebastião de Ilhabela, podem passar atrás da ilha e seguir para mar aberto, passar atrás da Serra do Mar e cair em Caraguatatuba ou entrar no canal, e aí sim chegar em São Sebastião. Toda essa movimentação é acompanhada há muitos anos pelos caiçaras que olham no morro, na direção de um lugar que chamam de Bocaina e geralmente acertam. Na década de sessenta quando estava sendo construída a Petrobras, o general e engenheiro Mário Rego Monteiro comandava as obras. Certa manhã quando perguntou como seria o tempo, e um caiçara que trabalhava na obra, foi olhar no morro, ele como brincadeira disse para o caiçara: - Sabe que eu resolvi dar um nome para esse buraco que vocês vão olhar para saber o tempo? O caiçara respondeu: - Como é? E o general disse: - “Buraco do caiçara”... O caiçara respondeu: - O outro apelido é melhor... O general então perguntou? - Já tem outro apelido? O caiçara respondeu: - Sim: “Buraco do General”. O próprio general Rego Monteiro contava essa história pra mostrar como o nosso povo é “ligeiro”. A frente fria, como esta que tivemos agora, estaciona atrás de Ilhabela. Durante o dia, quando venta da terra pro mar, não chove aqui. Mas à noite o vento vem do mar para a terra e a chuva chega em São Sebastião. Somos ricos em arco-íris, e por coincidência eles ficam no canal apontando para petroleiros... um pote de tesouro negro!
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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