Sempre recordo um velho professor de minha terra. Era duro, exigente, às vezes até irascível, mas tinha, por outro lado, muita verve e ternura. Mas algo ele detestava: pretensão, empáfia, arrogância. Evitava o quanto podia a companhia de metidos a saberôto e pretensioso. Recordo que ele além de antipatizar com os pretensiosos da cidade ainda os apelidava. Sim, quando se falava num desses chatos de galocha, o velho professor dizia: - É um gabarola. Era a palavra que usava para designar os pretensiosos, os arrogantes e os metidos a pais da matéria. Detalhe: testemunhei ele chamar alguns desses sujeitos de gabarolas na cara deles. Volta e meia encontramos um chato de galochas, elogiando a si próprio, fazendo reclame da sua cultura, defendendo o indefensável e de maneira prolixa e chata, enfadonha, tipo sopa fria. São uns porres. O que acho mais ridículo é a mania deles de querer se apropriar de tudo religião, filosofia, literatura, economia, civismo e o escambau. Mas não são levados a sério. O gabarola não sabe rir. Podem prestar atenção, é incapaz de dizer algo engraçado. É o fim da picada. Inté.
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