Caderno especial, publicado pela Folha de São Paulo, no dia primeiro de agosto, sob o título: "7 SOLUÇÕES PARA A ESCOLA PÚBLICA", pode representar caminho orientador para governantes e administradores sérios, nos três níveis de governo (União, Estados e Municípios). São sete tópicos óbvios que conduzem ao mapa da mina e aportam informações interessantes para tirar a educação das carências em que se encontra na maior parte dos municípios do país. Será promissor se os governantes e responsáveis pela educação lerem o documento e tenham força e disposição para colocar seus ensinamentos em prática. A seguir enunciamos as sete soluções e garimpamos algumas idéias em cada um desses princípios básicos apresentados por 24 especialistas em educação. 1- FINANCIAMENTO "Para garantir qualidade à escola pública, seria preciso um investimento de 8% do PIB, diz estudo; o gasto atual é de 4,3%". O gasto atual é insuficiente e mal aplicado. É necessário aplicar mais e melhor. As Secretarias de Educação de Estados e Municípios não podem continuar gastando recursos da educação com programas que não atendem as necessidades do aluno, na escola, e que desviam os recursos para outros investimentos comunitários que, mesmo sendo importantes, nada tem a ver com os processos educacionais. Essa dispersão costuma dizimar a educação, deixando as escolas sem condições mínimas para atender suas funções fundamentais. 2- GOVERNO "Criar políticas de longo prazo e dar continuidade por muitas gestões". As metas do Plano Decenal Nacional de Educação e dos planos estaduais e municipais devem ser seguidas e suas diretrizes cumpridas. Infelizmente esses planos estão esquecidos tanto em nível de União como em boa parte dos Estados e Municípios. Dois terços dos especialistas consultados pela Folha dizem que a educação é um processo que precisa da manutenção de metas. É necessário acabar com a tradição "novidadeira" que tem infelicitado a educação brasileira no transcorrer de nossa história. 3- PROFESSORES "Capacitar continuamente e avaliar o desempenho dos professores". Mais de 40%, dos docentes, da Rede Pública de Ensino Básico, não tem curso superior. A formação continuada ajuda o professor a ter práticas de ensino mais eficientes e a manter-se atualizado, mas não basta apenas capacitar o professor. Para termos qualidade de ensino o professor deverá ser valorizado, tanto nos níveis salariais, quanto no respeito social. Propiciar-lhe boas condições de trabalho, equipamentos e materiais suficientes, apoio nas práticas pedagógicas e integração na equipe com tratamento respeitoso são ações necessárias. Não teremos qualidade educacional com os professores isolados, desprestigiados, tratados como coisa e desamparados. 4- ENSINO "Melhorar a base do aprendizado para avançar com qualidade". Ensino fundamental e bem aplicado evita a evasão, fortalece o nível médio e democratiza a universidade. A universalização do ensino básico, com qualidade, é fundamental. Educação de massa e qualidade não são termos opostos. 5- PAIS E SOCIEDADE "Envolver os pais e a comunidade na gestão da escola pública". "Sem a participação das famílias de classe média o ensino público não vai melhorar, afirmam especialistas". A escola não pode fechar as portas aos pais.Infelizmente na maior parte das escolas públicas a presença dos pais só é solicitada quando o aluno tem problemas. 6- AS ESCOLAS "Melhorar infra-estrutura e adequar os espaços escolares à aprendizagem". Dados revelam falhas na construção e manutenção escolar; especialistas mencionam degradação e salas superlotadas. As escolas deverão possuir espaços adequados para fornecer alimentação balanceada aos alunos durante os períodos que se encontra na escola. "A merenda é necessária porque falta qualidade na alimentação da população de baixa renda". A qualidade dos prédios, da merenda, dos equipamentos e das práticas pedagógicas são estímulos ao desenvolvimento da auto-estima do aluno e favorecem a disciplina e a conservação da escola. 7- MÉTODOS "Adaptar pedagogia ao aluno do século 21". Adequar os métodos pedagógicos à era digital é imperativo e desafio da educação brasileira. Direção e professores deverão usar a criatividade para superar as carências existentes na maior parte das escolas públicas brasileiras e adaptar as práticas pedagógicas à superação dos problemas existentes no ambiente social e econômico que vivencia o aluno. O estudo também analisa experiências bem sucedidas e alguns problemas que dificultam o trabalho, na escola pública, e seu bom funcionamento. Administradores da educação, diretores de escola e professores podem encontrar nas: "7 SOLUÇÕES PARA A ESCOLA PÚBLICA", elementos para reflexão e orientações profissionais. Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.
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