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Opinião
10/04/2020 - 07h35
A imprensa e a utopia da imparcialidade
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

“Liberdade de imprensa é a vontade do patrão”. Cada dia mais lembro a frase que, ainda menino, ouvi de meu avô. Na sua simplicidade, queria ele dizer que imprensa livre é utopia porque ela é sujeita às variáveis políticas, econômicas e até ambientais do lugar onde atua. Hoje, assistindo o imenso bombardeio sobre os veículos de comunicação, volta-me a citação ancestral. Inserida no contexto social, a imprensa sofre todas as injunções, tendo de lutar para se manter empresarialmente e, paralelamente, cumprir sua função informativa e até formativa. Só isso já inviabiliza a independência e liberdade que dela se tornou moda exigir e ela própria se vangloria desde os acontecimentos que levaram o mundo à falta de liberdade (nazismo, fascismo, ditaduras, guerra fria etc.).

As mesmas correntes de pensamento - tanto de direita quanto de centro e de esquerda - que lutaram para impor suas idéias, depositaram sobre os ombros da imprensa o pesado fardo de ser independente. Ao fazê-lo ignoraram que a maioria dos veículos de comunicação sempre teve posições claras e foram até “órgãos oficiais” de partidos políticos e linhas ideológicas e, mesmo assim, prestaram bons serviços à evolução da sociedade. Na luta por seus objetivos, as correntes em disputa, ao mesmo tempo em que pregaram a tal imprensa livre, procuraram nela inocular seus pensamentos e interesses e transformar seus membros em militantes de suas causas. Deu no que deu: veículos que se rotulam independentes mas não o são porque dependem de patrocínio, jornalistas militantes e cliente (leitor, telespectador ou ouvinte) insatisfeito.

O fenômeno atropela a mídia mas, na verdade, é reflexo da indefinição política e econômica da sociedade. É preciso compreender que jornal, rádio, televisão, revista ou qualquer outro tipo de meio de comunicação, são negócios. É inverossímil pensar que são entes da sociedade e assim têm de se comportar. O mais lógico seria que, sem demérito algum, assumissem claramente a posição dos seus controladores e, com isso, tivessem a liberdade para atuar em favor das respectivas teses. E os grupos que sentissem falta de ação midiática, que adquirissem ou montassem sua própria estrutura. Tudo sem sonegar ao público o que pensa (e defende) cada veículo.

Quem procurar a história das comunicações - inclusive no Brasil - encontrará os veículos sempre defendendo o ideário dos que os controlaram e mantêm. A ideologia dita libertária do pós-guerra é que os levou ao modismo se declararem “independentes”. A maioria dos jornais, por exemplo, nasceu para sustentar as idéias e interesses de grupos políticos ou econômicos e até especificamente para eleger prefeitos, governadores, presidentes ou parlamentares. Não há nada de mal nisso, desde que feito às claras, dando à clientela o direito de aceitar ou não a opção oferecida. O Brasil de hoje passa por profundas transformações políticas e sociais e, por isso, a vida conturbada. Talvez fosse menos penoso se os órgãos de mídia tornassem públicas as respectivas orientações, deixando no passado a inexequível tese da imparcialidade absoluta, só existente na cabeça dos teóricos perdidos num passado distante e ausentes da atualidade...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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