Conheci nesta semana que passou um rapaz graduado em filosofia e que ministra aulas desta disciplina na cidade de Pinhão, Estado do Paraná, o qual, modestamente, dizia não ser um filósofo, mas apenas um reris professor de filosofia. Bem, ouso discordar do rapaz e lhe digo: és um filósofo de fato. E digo a razão de meu dito. Não é pelo fato de ter um diploma auferido por uma instituição. Fato este que nada significa para se reconhecer a integralidade de um filósofo, lembrando que as mais elevadas almas que dedicaram suas almas a esses labor noológico, não possuíam um diploma que as reconhecessem como tal. Reconheço em suas palavras (apesar de discordar na maioria delas), em seus gestos, em seu olhar e principalmente, na sagacidade que dedica em seu ofício pedagógico, a presença de um filósofo, de uma pessoa que acredita piamente no que está ensinando e mais ainda no ardor da trilha que escolheu em amar a sabedoria sem desejar assenhorear-se dela. Lembro aqui, que o fato de este rapaz ser professor, de modo algum diminui a qualidade de ser um amante da sabedoria, visto que, todos os grandes filósofos eram parteiros do saber, como o fora Sócrates, não é mesmo? Por isso, meu caro Professor Eloy, quando lhe perguntarem se é ou não um filósofo, responda positivamente, sem medo, pois já formastes discípulos, inclusive ex-alunos meus que estudaram com você quanto residiram neste rincão. Discípulos estes, que, gradativamente, estão trilhando os seus caminhos, procurando ser dignos, prestativos e bons, como todo ser humano integral deve ser, segundo as palavras de Goethe. Tal tarefa, como você já pode sentir na própria carne, não é grata, como não o foi a missão evangélica dos 12 escolhidos (incluo aqui a de Paulo e esquivo a de Judas), como também não foi a de Platão (vendido como escravo pelo tirano da Cecília, Dionísio I). Mas é feliz pelo fato de nos aproximar da luz do Logos helênico, do Verbo judaico-cristão, do On hindu, do Nirvana Budista, enfim, da contemplação da inefável Verdade que por séculos a humanidade, em nome de sua vaidade e arrogância, faz questão de negar e que você, enquanto um filósofo de fato, insiste tanto em contemplar.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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