Hoje, domingo de sol, fui dar uma passeio, sem destino. Comecei no Rio Escuro e fui passando pelos fundos de Ubatuba, até o sertão do Ubatumirim. Pude facilmente constatar o resultado de todos os sintomas da nossa estagnação econômica. A favelização urbana tomou conta das marginais da rodovia e avança em cada trilha, rua ou ruela, célere, mata adentro. A paisagem maravilhosa mostra várias e profundas marcas de cansaço. São vários e insistentes os sinais de desgaste. A ocupação desordenada, loteamentos clandestinos, as invasões nos mananciais e, no pé da serra, atestam que o modelo preservacionista vigente, é totalmente inexeqüível com esta realidade. Este modelo tão restritivo, não proveu sua execução e não previu o assustador índice de crescimento populacional, devido principalmente aos movimentos migratórios, de cultura e costumes dispares e, suas respectivas necessidades de moradia, serviços públicos e, subsistência. O patrimônio natural e, seus fartos recursos paisagísticos mostram fortes sinais de fadiga. Aos poucos e silenciosamente, este patrimônio, protegido apenas no papel, está deixando de ser uma atração aos visitantes e veranistas. A fatia destes poucos dinheiros, gerados por esta atividade extrativista, esta cada vez mais fina. A falta de qualquer alternativa de renda perene, aumenta a proporção, a níveis insustentáveis, da população dos excluídos. A falta de visão governamental e, as dificuldades burocráticas em lidar com realidades, condenarão, mesmo com a maior das boas intenções previstas em lei, o que resta da Mata Atlântica e, toda esta paisagem, impar no mundo, a total desertificação. Quem duvida, dê uma volta pelos fundos. A solução é praticamente impossível. Amenizar ou retardar o processo, como a maioria dos nossos problemas, passa pela conscientização e pela educação. Já serão necessárias gerações. É extremamente triste.
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