Mesmo que alguns discordem, mas este isolamento a que estamos submetidos, a maioria dos brasileiros, é sem dúvida não apenas um retiro, mas uma prisão domiciliar. Não vou ao extremo de um amigo de Arcoverde que me telefonou dizendo que a tornozeleira dessa prisão era a máscara. E falou sério. Está muito nervoso.

Sejamos francos, já estamos todos nervosos, impacientes, com um tédio danado. Tudo bem, talvez a pena ainda dure dois meses ou mais, segundo as previsões dos entendidos. Mas a uma pergunta não pode calar: - Aguentaremos? Claro que sim. Aguentaremos o tempo que for necessário. Por quê? Ora, porque queremos sobreviver. Porque queremos de volta o nosso direito de ir e vir, a nossa vida de antes. E todos sabemos que sem seguir à risca as recomendações dos médicos, cientistas e OMS não teremos nossa liberdade de viver como antes, mesmo em um mundo diferente. Muito diferente.

Quando falei com o amigo ao telefone, lembrei a ele do sofrimento dos escravos das galés. Mesmo em meio às torturas e até fome, eles remavam acorrentados, e nenhum deles pensava em morrer. Remavam e sonhavam sonhando com a liberdade. O amigo acalmou-se. Vamos pagar a pena sem desesperar. Desesperar jamais. Inté.