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SEÇÃO
Crônicas
10/08/2005 - 08h02
Gonzaga, Londres, Gonzaga
João Soares Neto - Agência Carta Maior
 

Gonzaga é uma cidade perdida no interior de Minas Gerais. Tem menos de 6.000 habitantes, mas possui 4.599 eleitores. A renda média mensal é de 240 reais e lá não existe leito hospitalar. Foi nessa cidade que nasceu Jean Charles Menezes, o brasileiro de 27 anos, morto dentro de um vagão de metrô de Londres com oito tiros, dizem que imobilizado e de bruços.

Um dia, como tantos outros brasileiros sem esperança, ele resolveu enfrentar a vida e escolheu Londres. Fez-se eletricista, ralou, tentou regularizar seus documentos e ia vivendo. O problema de Jean Charles é que ele não era caucasiano. Era um brasileiro de raças misturadas, como quase todos nós. Por estar em Londres, a cidade que estava sendo alvo de atentados terroristas, Jean Charles foi perseguido por homens a paisana que eram policiais. Entrou no metrô e morreu, do jeito que todos já sabem.

Londres abriga, como toda metrópole, um grande contingente de estrangeiros, especialmente os vindos do dito 3º mundo em busca de emprego e um lugar em meio ao sol, ou melhor, à bruma quase diária. Pesquisas e análises feitas por organismos internacionais, ongs e assemelhados mostram claramente que esse êxodo é produto exclusivo da falta de oportunidade em seus países de origem. Acresça-se a isso: os imigrantes constituem mão-de-obra barata e, quase sempre, submissa e explorada.

Quase todos os dias pessoas como Jean Charles estão tentando atravessar fronteiras de países. Só no México, neste ano de 2005, entraram cerca de 60.000 brasileiros e só há registro de saída de 7.000. Os outros 53.000 estão entre os que já tentaram atravessar a fronteira e conseguiram, os que tentaram e foram presos, os que tentaram e morreram e os que ainda estão tentando. Nestes dias chegaram em avião fretado 300 deportados.

Voltemos a Londres. De lá, o corpo de Jean Charles voltou para Gonzaga. Foi enterrado. Houve discursos e cobertura jornalística. Por certo, uma indenização será paga e a família ficará agradecida ou não, nesse dará procuração a diligente advogado(a) que, certamente, já se apresentou solícito(a).

Em breve, o caso Jean Charles será esquecido, mas outros brasileiros como ele estarão sendo empurrados para a aventura no exterior e correrão os mesmos riscos para mandar dinheiro para os seus, contabilizado pelos bancos brasileiros, quem sabe, como "divisas vindas do exterior".

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