06/07/2025  11h36
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
24/06/2020 - 07h31
A violência, o Estado e o policial
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Questiona-se a falta de tenentes e sargentos - que seriam os comandantes diretos dos policiais que atuam diretamente nas ruas - na Polícia Militar do Estado de São Paulo. Segundo os registros, faltam 450 tenentes e 2196 sargentos e isso deixa os policiais operacionais entregues à própria sorte, sem comando nem proteção efetiva, podendo levar à violência e outros problemas. Essa, na verdade, é apenas uma vertente do problema enfrentado pelos PMs paulistas e, por extensão, de todo o país. Há, também o frequente e ideológico clima de contestação criado na comunidade em relação ao policial. Braço armado do Estado, é ele ardilosamente provocado para que sua reação possa ser denunciada pelos desobedientes civis como violência policial.

O contestado - e acusado de práticas violentas - é o policial, mas é o Estado o verdadeiro titular daquilo que se classifica como violência. Nenhum manifestante sai às ruas com o objetivo de contestar o policial, pois o que o incomoda e merece seu repúdio são ações estatais. O policial só se transforma em adversário quando, pelo seu dever de ofício, impede os grupos insuflados de parar o trânsito, participar de confrontos ou destruir o patrimônio (público ou particular). Na maioria das vezes, é obrigado a usar a força e, por isso, acaba acusado. E o mais grave é que, durante anos, criou-se a cultura de atacar o agente do Estado em vez de o próprio Estado. Não haveria nada disso se, o Estado, verdadeiro agredido, cobrasse com rigor os ataques que sofre como instituição detentora da lei e do requisito da força pública. Mas o viés ideológico de sucessivos governos tem impedido esse rigor.

Todo manifestante que extrapola no seu direito de reivindicar e, principalmente, destrói o patrimônio e a ordem pública, tem de sofrer as consequências, sendo preso e processado cível e criminalmente. É preciso alterar a legislação nesse sentido. Sendo seu ato violento, mesmo que fuja, deve permanecer em estado de flagrância até ser detido. Foi a falta de ação firme dos detentores do poder que levou à proliferação de atos de selvageria como a queima de ônibus, destruição de terminais e estabelecimentos e outros atos criminosos. Quando a polícia, em nome do Estado, atua no combate aos ataques, os agressores se vitimizam e denunciam violência, como se tivessem sido indevidamente agredidos. O Executivo, o Legislativo e o Judiciário, precisam tornar mais efetiva a defesa do Estado. Os que agridem a instituição devem saber os riscos e, com isso, ser desencorajados à prática de atos extremados. A simples mudança de postura poderia eliminar a quase totalidade das queixas hoje dirigidas aos policiais. Da mesma forma que a livre manifestação é garantida, a punição de procedimentos criminais tem de ser líquida e certa.

Ainda mais: quanto aos problemas disciplinares rotineiros, a própria corporação resolve através dos serviços de corregedoria. Já as vagas não preenchidas, é questão de investimento e política de governo. É importante entender que o titular daquilo que se rotula como violência é o Estado, não o policial. Se o Estado zelar do seu “imperium” legal, não há que se falar em violência. O policial poderá, inclusive, ir desarmado às manifestações autorizadas, pois sua presença será apenas orientativa.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.