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Opinião
19/08/2020 - 06h47
É possível recuperar um cristianismo ecológico?
Luiz Alexandre Solano Rossi
 

A resposta, decididamente, é sim! O próprio São Francisco de Assis se apresenta como um modelo de postura ecológica e contrário à brutalização da vida. Para ele, a relação com a natureza jamais poderia ser considerada de caráter mercantil, mas sim de cumplicidade na sobrevivência. São Francisco de Assis pode ser considerado um paradigma que nos coloca com a natureza como irmãos e irmãs em contraposição ao paradigma da brutalização que nos coloca sobre a natureza, como senhores.

Todavia, é necessário assumir de forma coletiva nossa responsabilidade pela criação do mundo e de nós mesmos. Caso contrário, corremos o sério risco de mantermos o espírito de brutalização presente no cotidiano. Nesse sentido, é preciso reconhecer que o social, o ecológico e o religioso se encontram cada vez mais intimamente ligados. A consequência dessa percepção nos levará a reconhecer como um único e mesmo corpo, em uma profunda interdependência, de tal forma que se eliminarmos uma parte, todo o corpo se sentirá agredido. 

Talvez seja necessário redescobrir que o ser humano é uma criatura entre tantas outras. Na comunidade da criação o ser humano está inserido como membro dela e não seu senhor. O ser humano não exerce domínio senhorial sobre o sistema-terra, mas dele é dependente em suas relações de trocas e sobrevivência. Por isso, jamais está acima, mas lado a lado; não é diferente, mas igual.

Estamos, portanto, diante de um pensamento eco-teológico que reflete a plena consciência ecológica que está latente no ser humano que é, simultaneamente, imagem de Deus e imagem do mundo. E é nesse encontro, nessa síntese de imagens que prevalece a opção ecológica inevitável a todo ser humano. Ele vive, fala e age pelo mundo; ele é sacerdote para o sistema-terra e dela faz o seu sacramento. Percebe-se que a natureza, nesse caso, surge como uma extensão do corpo físico e também do corpo social onde vive o ser humano em suas relações comunitárias com outros seres humanos e logicamente com as outras criações e em estreita interdependência.

Assim, diante da brutalização, São Francisco de Assis nos apresenta uma atitude alternativa e de recuperação do cristianismo: uma atitude que se confraterniza, se enche de compaixão e respeito diante de cada representante da comunidade cósmica e planetária. Procura-se resgatar a centralidade do sentimento e a importância da ternura nas relações humanas e cósmicas. São Francisco de Assis, na verdade, é o paradigma que nos ensina a viver adequadamente numa casa planetária comum, mas também a viver bem entre todos os existentes nessa casa comum!


Nota do Editor: Luiz Alexandre Solano Rossi é doutor em Ciências da Religião e professor da graduação em Teologia Interconfessional do Centro Universitário Internacional Uninter.

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