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Opinião
21/08/2020 - 06h45
A Lava Jato, o STF e a garantia de vida
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O país respira aliviado com as decisões dos ministros Luiz Fux e Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, que evitaram o julgamento e possível afastamento do procurador Deltan Dalagnol da coordenação da Operação Lava Jato. Nem tanto pelo procurador, que não teria grandes prejuízos do ponto de vista pessoal ou profissional, mas pela própria operação, que restaria combalida, perdendo forças no combate à corrupção. Recorde-se que a força-tarefa baseada em Curitiba mudou a imagem interna e externa do país ao apurar rigorosamente a promiscuidade de governantes, servidores de alto escalão e empresários ligados à prestação de serviços ao governo e a empresas estatais. Levou ao cárcere um ex-presidente da República, ex-governadores, ministros, presidente da Câmara dos Deputados, outros parlamentares e megaempresários. Em março último, ao completar seis anos de atuação, a Lava Jato mostrou sua ficha de produção: 70 fases, 1.343 buscas e apreensões, 130 prisões preventivas, 163 prisões temporárias, 118 denúncias, 500 pessoas acusadas, 52 sentenças e 253 condenações que, somadas, perfazem a 2.286 anos e 7 meses de pena.

Foram recuperados R$ 14,3 bilhões que as diferentes quadrilhas, integradas por gente até então acima de qualquer suspeita, roubaram do erário brasileiro. Por mexer com figuras que dominaram a República (e a saquearam), as ações têm grande repercussão e envolvem reações discutíveis, emocionais e até dramáticas. O poder que alguns dos envolvidos ainda exercem apesar de seus pecados, facilita a vitimização e leva a atitudes e até decisões equivocadas em recursos. De outro lado, sofre críticas e censuras no próprio Ministério Público por seus métodos. Não raramente é alvo da ciumeira e avaliações desfavoráveis. Mas é inegável que sua ação e a coragem dos operadores e dos julgadores - inclui-se aí o ex-juiz Sérgio Moro - tiveram o condão de mudar a cara do combate à corrupção no Brasil. A imagem de impunidade, comum à maioria dos países em desenvolvimento, é coisa do passado e - é preciso reconhecer - ganha nova dimensão depois da posse do presidente Jair Bolsonaro, que se elegeu na térmica criada pelo combate à roubalheira e montou o seu governo sem barganhar cargos ou benesses.

A Lava Jato é um patrimônio do povo brasileiro. Sintetizou o pensamento e a ação de um grupo que desde 2014 atuou focado na lisura de procedimentos e em favor do interesse nacional. Por combater poderosos, seus integrantes sofrem revezes como esse de que o STF acaba de livrar o coordenador Dalagnol. É preciso considerar que, apesar dos resultados significativos, há muito trabalho iniciado que precisa ser terminado. Muitos errantes ainda têm de receber a justa punição pelas irregularidades e crimes cometidos. Só dessa maneira é que poderemos legar um Brasil melhor aos nossos filhos e netos e aos descendentes destes. A corrupção é tão ou mais letal do que qualquer pandemia, pois mata os mais pobres pela falta de saúde, educação. Segurança e outros insumos básicos que todo cidadão tem direito mas muitos não recebem em razão dos desvios praticados por quem deveria usar o dinheiro público para supri-los. Logo, a continuidade da operação de combate à corrupção pode ser considerada a garantia de vida a muitos brasileiros do presente e do futuro...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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