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Opinião
14/08/2005 - 06h33
No PT ninguém entende nada de unicidade
Geraldo Lopes
 

O princípio da unicidade sinaliza de forma bastante clara que não se consegue a harmonia do todo sem que as partes estejam perfeitamente sintonizadas. Um exemplo bastante significativo pode ser visto no próprio organismo humano. Para que o todo do meu eu esteja funcionando perfeitamente bem, é preciso que as partes estejam todas em perfeita harmonia. Quando acontece o contrário, ou seja, quando uma das partes não vai bem, o todo se apresenta bastante comprometido.

Vejamos um exemplo mais específico: se uma célula do meu fígado adoece e não recebe o tratamento adequado, ela vai perder a referência do todo, vai agredir as células vizinhas e, em pouco tempo, estará destruindo a si própria e o todo que sou eu.

De forma bastante resumida, mas suficientemente clara, eu acabei de descrever um órgão canceroso que vai atacando outros órgãos, até consumir com todo o organismo. É mais ou menos isso o que vem acontecendo no país em termos de política administrativa. As partes são os mais de 5.500 municípios que compõe o todo. Elas estão contaminadas e enquanto não se descobrir o tratamento adequado para corrigir as partes, o todo continuará prejudicado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem cometendo uma série de equívocos em meio às denúncias do famigerado "mensalão". Desde que o deputado Roberto Jefferson, sabe-se lá por que, resolveu jogar no ventilador os ingredientes do "Mensalama" alimentam, diariamente, o fantástico caldeirão, onde em fogo brando é servida a atual crise brasileira.

Depois de dizer em momento mais do que inoportuno que "o que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente", Lula resolveu traçar uma trajetória própria de candidato em campanha, abraçando velhinhos, chorando durante discursos e pegando crianças no colo. O presidente agora diz que as viagens são necessárias e que, certamente, elas estão incomodando seus adversários. Um equívoco atrás do outro. O que o presidente não fez, e que deveria ter feito, foi vir a público em rede nacional de televisão e dizer em alto e bom tom:

"O PT montou um esquema de corrupção. As denúncias, a julgar pelos fortes indícios, são todas verdadeiras. A situação é grave e, mais do que nunca, preciso contar com a ajuda do povo para sair dela com todas as instituições funcionando, investigando, comprovando e punindo os culpados, sejam eles de que partido forem e estejam ou não exercendo cargos no executivo".

Discordo de Lula quando ele diz que a prática utilizada pelo PT, o chamado caixa dois, é sistêmica. O recurso não contabilizado, como quer Delúbio Soares, não é sistêmico, mas sintomático. Como procedem os profissionais de medicina quando descobrem o sintoma de uma doença? Até prova em contrário tentam extirpá-la, seja através de tratamento medicamentoso ou por intervenção cirúrgica. A analogia é quase perfeita, concluindo-se daí que, quando a ala boa do PT farejou os sintomas da banda podre do partido, teria que agir imediatamente utilizando remédios eficazes ou a cirurgia.

O tempo passa, as denúncias se acumulam, os indícios se fortalecem, em alguns casos surgem provas irrefutáveis e o partido da esperança, mergulhado até o pescoço no "mensalama" simplesmente ignora a necessidade mais do que urgente de cortar na própria carne. Os caciques do PT esquecem os 25 anos de luta, esquecem as bandeiras da ética e da moral e tentam salvar os poucos que não só macularam o partido como traíram os ideais do PT e de seus militantes.

Nunca me filiei a partido nenhum. Nunca o fiz por achar a filiação incompatível com a profissão. Entretanto, escolhi o PT por me identificar com o seu programa e com seus projetos. Como milhares e milhares de brasileiros que acreditavam na probidade do partido, me sinto traído. Pior: sinto que, a exceção de uns poucos petistas que integram a ala mais à esquerda, a maioria, inclusive o Presidente da República, está concentrando forças para salvar aqueles que montaram o maior esquema de corrupção do país. A alegação é a de que ninguém fez nada para o enriquecimento próprio. Foi tudo pelo PT.

As cabeças coroadas do partido esquecem que a corrupção é a mesma, independente dos motivos. Quando Paulo César Farias saiu por aí arrecadando dinheiro em nome do governo Collor, ele também tinha um objetivo. No entanto, deu no que deu: impeachtment, assassinatos, mortes estranhas e prisões, se não de todos, mas de alguns dos envolvidos. Na atual crise do "Mensalama" o PT tinha que extirpar as partes para salvar o todo.


Nota do Editor: Geraldo Lopes é jornalista.

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