Recentemente, sentimos os efeitos avassaladores de um ciclone bomba que passou por nossa região, sem pedir licença, deixando efeitos devastadores. As consequências desse fenômeno meteorológico me instigam a fazer uma analogia com o momento atual, em que vivemos tempos de pandemia. Precisamos estar em permanente estado de alerta, para não sermos pegos de surpresa pelas marolas, com desfechos violentos. A COVID-19 caiu para o mundo como um ciclone bomba. Sem suavidade, não observou classe social, idade, etnia, gênero ou qualquer outro tipo de categorização, para deixar suas marcas na vida e nos rumos da sociedade, impondo uma reconfiguração das relações, da educação e da economia. Fez-se necessário um novo olhar, que exige protagonismo e ousadia para nos reinventarmos e aprendermos a tecer novas teias de interdependência, alicerçadas em possibilidades colaborativas de criar, em prol do bem comum. É uma difícil tarefa para uma sociedade individualista, cujo olhar introspectivo teima em observar uma esfera reducionista. O “meu” ainda é maior do que o “nosso”. Reflexos deste momento estão evidenciados em todos os setores da sociedade e atingem fortemente o educacional. Está sendo difícil entender que o momento é atípico e que é necessário voltar o olhar para além das nossas necessidades. Precisamos de esforços comuns, mesmo sabendo que uma mudança de cultura requer disponibilidade e tempo. Tanto o ciclone quanto a pandemia, além das vidas ceifadas, o que é irrecuperável, trouxeram consigo outros danos assombrosos à educação e à economia global. Na educação, os danos não estão apenas no aprendizado dos estudantes, mas aparecem, sobretudo, no socioemocional e se desdobram em doenças, medos, incertezas e desesperanças. Cabe a nós, como educadores, além de fazer uma recomposição nos currículos, nos calendários e na forma de ensinar, juntar os caquinhos da devassa emocional causada pelo ciclone bomba da pandemia nas pessoas, especialmente nas crianças e nos jovens. Precisamos ser janelas de esperança para que, dentro de um novo normal, possamos ver e aproveitar as possibilidades de reinvenção deste novo momento. Nota do Editor: Ir. Celassi Dalpiaz é Diretora do Colégio Santa Inês.
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