Sempre respeitei as religiões e, claro, os seus rituais. Mas nunca fui religioso e nem nunca achei que os rituais sejam fundamentais à salvação do ser humano. Respeitar é um coisa; concordar é outra coisa. Tenho essa posição desde garoto, adolescente. Detalhe: minha saudosa mãe era católica (Filha de Maria) e meu pai, creiam, mesmo sendo comunista era também espírita. Não segui a opção religiosa de nenhum dos dois, embora siga até hoje alguns dos seus princípios no que se refere ao Cristianismo e à solidariedade. Por causa da minha anti-religiosidade fui muito pichado. Mas mesmo assim persisti e nunca deixei de explicitar minha opinião. Quando diziam, por exemplo, que o batismo era fundamental à salvação, sempre recorria a uma historinha que mesmo criei. Dizia: - Bicho, vamos imaginar que após o Descobrimento do Brasil quando os Bandeirantes caçavam índios para assassiná-los por não aceitarem ser escravizados, esses Bandeirantes eram abençoados pela Igreja, um índio chamado Jupi resolveu reagir e formou um grupo para combater o invasor e escravagista. Nessa luta que empreendeu matou alguns dos assassinos brancos. Bom, depois os Bandeirantes conseguem matar Jupi. Ele não era batizado, não fez a crisma e não cumpria nenhum ritual. Pergunto: Jupi seria condenado ao inferno e os assassinos ganhariam o céu já que todos eram batizados, crismados e abençoados pela Igreja? E dava a lapada final: - Você tem que responder que sim, que Jupi iria para o inferno e seus algozes pro céu, caso contrário os rituais e a religião não são fundamentais à salvação. Era uma briga. Diziam que eu era agitador, esses trecos. Mas não respondi. Nem aos religiosos comuns e nem aos de patente. Não nego que sofismei. Ou não? Continuo com a mesma ideia, o que salva é a solidariedade, independente de religião e rituais. Mas posso estar errado. Fico com o erro. Inté.
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