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Opinião
15/08/2005 - 07h27
Brasil x estatísticas
João Ellera Gomes - Pauta Social
 

Sempre que assisto a debates sobre as dificuldades brasileiras em relação ao subdesenvolvimento, ouço falar na exploração dos colonizadores, da resistência ao crescimento industrial pelos escravocratas do império, da sabotagem do capitalismo, quando não do próprio clima, considerado por muitos um empecilho ao progresso por induzir ao ócio. Entretanto, com base nas notícias que vicejam hoje, ouso afirmar que uma das maiores mazelas a retardar o desenvolvimento é a falta de estatísticas confiáveis para que se estabeleçam adequadas políticas com recursos públicos.

Vale lembrar que o atual presidente montou sua plataforma em cima da existência de 40 milhões de famintos, chegando a criar um programa especial de ajuda a essas pessoas. Pois bem, no ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que 40% da população brasileira está com excesso de peso e que apenas 4% encontra-se abaixo do peso ideal. Entre as duas estatísticas, a do presidente e a do IBGE, temos uma diferença de mais de 30 milhões de pessoas. Não que 4% seja pouco, mas é muito diferente de 25% de toda uma população.

Quando o assunto é acidentes de trânsito, poucos sabem que, no Brasil, são computadas apenas as mortes que ocorrem no momento do evento, não sendo contabilizadas aquelas que passam das primeiras 24 horas. Assim sendo, ninguém sabe o número real de vítimas das nossas estradas, o que é muito conveniente, porque de outra forma obrigaria o poder público a admitir o colapso do sistema rodoviário.

Quanto à violência interpessoal, ouvi um estudioso da matéria dizer que 70% das mortes são conseqüências de rixas entre conhecidos. Entretanto, uma outra pesquisa nacional mostrou que apenas 5% dos crimes violentos são desvendados. Portanto, dependendo de como olharmos esses dois dados, veremos que nada pode ser afirmado sobre os outros 95% de crimes não esclarecidos.

Frente a esses poucos, mas perturbadores exemplos, conclui-se que, enquanto não tivermos estatísticas realmente confiáveis, pouco poderemos dizer, planejar ou mesmo aspirar para este grande, mas ainda longe de grandioso, país.


Nota do Editor: João Ellera Gomes é médico ortopedista e traumatologista, professor da UFRGS.

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