Sinceridade, eu esperava que o nosso Presidente fosse tentar algo mais apoteótico em seu pronunciamento à nação brasileira em meio a sua Reunião Ministerial. Ledo engano de minha parte. O nosso Presidente até falou "bonito", mas não caprichou na embromação como bem apontou Paulo Markun. Na verdade, se formos procurar ser frios em nossas ponderações sobre os últimos acontecimentos, incluindo o depoimento de "Judas" Mendonça a CPI dos Correios, poderemos esperar sentados a manifestação clara e direta da parte de nossos parlamentares de um possível impeachment. Também tenho minhas dúvidas quanto a dita indignação da parte da população brasileira frente aos descalabros petista com o erário público. Não digo isso apenas a partir de mera elucubração, mas a partir de inúmeros fatos que venho observando a minha volta. Toda vez que converso com pessoas, sejam elas ilustradas, ou não, de meu circulo de convivência direta (não o que mantenho na web), afirmam comentários com uma tímida defesa do atual presidente chegando até a defesas inflamadas em alguns casos e, quando aflora-se alguma crítica, essa se manifesta na maioria das vezes na forma de alguma sátira ou piada a respeito deste assunto tão sem graça. Isso sem falar das últimas declarações de José Dirceu sobre a possível convulsão social que poderia abater-se sobre o país transformando o Brasil em uma Venezuela. É vergonhoso para nós, cidadãos brasileiros, trabalhadores que temos nossos ganhos usurpados por um Estado incompetente sendo gastos para fins restritos aos interesses espúrios de uma sigla partidária e, acima de tudo, de uma ideologia política nefanda, que é o socialismo populista latino-americano. Fico a imaginar, pelo que sabemos das ligações de nosso Presidente com o tiranete Hugo Chávez através do Foro de São Paulo, o tom da conversa que esses tiveram em um momento como esse que a Pátria amada está passando e que, nós, cidadãos caras empalidecidas pelo comodismo, fazemos questão de desdenhar e mesmo, fazer de conta de que tal encontro seria apenas um acaso malfadado da roda da fortuna. Enfim, poderíamos tecer aqui inúmeros comentários sobre a gravidade do momento que nós estamos vivendo, mas, me pergunto: vale pena tal esforço? Justamente nestas horas que recordo as palavras de Edmund Burk, quando nos advertia ainda nos idos do século XVIII dizendo-nos que, para que o mal triunfe, basta que os homens de bem nada façam. Por isso, amigo, se você for um homem de bem, pelo bem do futuro que está sendo semeado e ter seus frutos dolosos sendo entregues aos nossos filhos e netos, a partir deste momento, não mais cruze os braços diante das sandices e disparates populistas destes biltres que nos governam com ponta de beatitude ética, pois, está mais do que na hora de tomarmos as rédeas de nosso destino e não mais nos portarmos como bestas cívicas de tributária carga. Creio que, por mais que neguemos, há em nós amigo leitor, algo muito maior que o medo que nos domina e nos cinge e nos faz calar nesta situação e este algo pode ser, simplesmente, a possibilidade, de não apenas fazermos a diferença, mas de sermos um diferencial. Mas tal, depende, tão só, de uma escolha a ser determinada por você e sua tão fustigada consciência se ainda estiver lúcida e viva depois desta tormenta de insanidade que vem abatendo o nosso país.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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