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Crônicas
17/08/2005 - 12h44
Desilusões
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Um artigo da vereadora Margarete Moraes publicado na semana passada mostra bem a perplexidade dos militantes petistas diante de uma situação que é, para dizer o mínimo, constrangedora. Mas, Margarete, se isto serve de consolo, não é a primeira vez que tal acontece. A história da esquerda está pontilhada de choques, de desilusões, de desgostos resultantes do contraste entre aquilo que é e aquilo que deveria ser. É o desgosto que Trotsky experimentou quando viu a linha política de Stalin triunfar; é o desgosto que todos os comunistas sentiram quando foi firmado o acordo Ribentrop-Molotov, entre a União Soviética e a Alemanha nazista; e é ainda o desgosto que acometeu os mesmos comunistas quando, no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS, Kruschov revelou, com todas as letras, os crimes do stalinismo. E depois veio a briga com a China, e a queda do Muro de Berlim...

A causa dessas desilusões estava embutida no próprio pensamento da esquerda, sobretudo da esquerda marxista, e era um resultado indireto do materialismo dialético. Uma das chamadas leis da dialética diz que cada coisa contém em si o seu contrário; portanto, algo que parece ser ruim pode ser bom e vice-versa. Uma verdade pode ser reacionária; uma mentira pode ser progressista. Se a pessoa escrever torto por linhas tortas, o resultado final será uma escrita reta.

Não é. Verdade é verdade, mentira é mentira, o certo é o certo, o errado é o errado, quem escreve torto só obtém uma escrita torta e, por último, mas não menos importante, só tem desilusões quem tinha ilusões, quem escamoteia a realidade em benefício das próprias fantasias. O que faltou, ao fim e ao cabo, foi bom senso a lideranças petistas. O bom senso teria mostrado que as manobras adotadas para, supostamente, manter a governabilidade, iriam acabar sabotando esta própria governabilidade. Mais curioso é que as pessoas em geral parecem prescindir da dita governabilidade. Todo mundo fala das denúncias de corrupção: o motorista de táxi, a dona de casa, o executivo, o estudante. Mas o motorista de táxi continua dirigindo seu táxi, a dona de casa continua fazendo as compras, o executivo permanece no seu trabalho, o estudante vai à faculdade. O dólar não dispara, o Risco Brasil não dispara, ou seja, o país continua vivendo. E o país, como disse Lula, não perde a esperança. O país tem sua verdade, que não é verdade reacionária ou progressista, é a verdade que resulta da clareza em ver as coisas. Algo que as lideranças partidárias fariam muito bem em aprender.

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