Sempre afirmo que quando adolescente preferia os números às letras. Não gostava de ditado e nem das famosas composições e dissertações. Vou até dizer algo que pode parecer um absurdo: preferia no Português, as análises lógicas e sintáticas à escrita. Escrever sobre qualquer tema para mim era um tormento. No entanto, já no banco, por força da profissão, comecei a escrever memorandos e cartas respondendo indagações da Direção Geral do banco. Por incrível que pareça fui encarregado disso porque era ruim em contabilidade e havia poucos funcionários. Daí foi um pulo para escrever cartas às redações dos jornais. Bom, a aversão virou um hábito. E o hábito virou prazer, e o prazer virou vício. Mas não parou aí porque o vício evoluiu e transformou-se em terapia. Juro. Toda vez que estou chateado e pra baixo, pego o bloco e o lápis e começo a escrever, a chateação vai para o beleléu. Escrever é para mim uma terapia. No mais, apenas para enfeitar o maracá vou transcrever o que disse o saudoso Eduardo Galeano: "Escrever é a única coisa que eu consigo mais ou menos. Então não posso viver sem escrever. Porque além do mais, eu gosto. Para mim não é um sacrifício escrever. Escrever é para mim uma festa". Viva a escrita, para mim uma terapia. Inté.
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