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Crônicas
20/08/2005 - 10h04
O(s) príncipe(s) da escória
Lula Miranda - Agência Carta Maior
 

Já deixamos de ser uma monarquia há bastante tempo. Porém continuamos a ter príncipes. O príncipe fabuloso de algumas de minhas crônicas/fábulas aqui publicadas. O príncipe da nossa última desgraça, o sociólogo (quem há de se esquecer desse?). E agora, o mais recente, o príncipe da escória.

Escória, em uma das suas muitas definições constantes dos dicionários, é um subproduto da metalurgia. Pode parecer até piada pronta, ou trocadilho de mau gosto, mas o governo do ex-metalúrgico Lula trazia em seu bojo, na condição de aliados, esse subproduto da metalurgia, digo, da ética: a escória. Ou seja, trazia em si mesmo, como numa espécie de fatalismo dialético, o germe da sua destruição.

Parece evidente que, para uma certa elite, incluindo-se aí uma parte da classe média, que vive num faz de conta burguês, esse é/era mesmo, desde sempre, o governo da "escória". Mas aí já com uma outra visão ou conotação absolutamente comprometida, pois contaminada por um indisfarçável preconceito de classe. "Escória" aí já seria, segundo essa ótica, que fique claro, entendida em uma outra sua tradução: como "as pessoas mais pobres e incultas de uma sociedade", "zé-povinho", "ralé" etc. Mas não é exatamente essa definição que nos interessa aqui. Essa não é a visão desse cronista e tampouco, creio, dos leitores.

Aqui nos serve a definição de escória como "canalha", "gentinha" - "gentinha" aí no pior sentido. Portanto, deixemos as outras definições anteriormente citadas apenas como referência, e até mesmo curiosidade, ou como reforço ao nosso repertório vocabular. Até para que não fujamos do foco das questões a serem aqui abordadas.

Certamente não está em nenhum dicionário ou enciclopédia, mas "escória" também é o nome do grupo de estudantes à frente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da USP. Essa turma, essa "escória", convidou o deputado (sic) Roberto Jefferson a dar uma palestra aos alunos daquela renomada Faculdade. Vale ressaltar que Jefferson já havia feito uma palestra horas antes na Associação Comercial da cidade de São Paulo. Vale ressaltar ainda que foi nessa mesma Faculdade que atiraram um frango na então prefeita Marta Suplicy. O que não dispensa ou prejudica, em hipótese alguma, o registro de que essa Faculdade, e seu corpo de alunos, têm feitos mais nobres em sua história.

Uma questão que se impõe é: que pobre país é esse que elege como palestrantes figuras como Roberto Jefferson? Será que Valdemar da Costa Neto, Delúbio Soares, Marcos Valério, Carlinhos Cachoeira e tantos outros serão também, muito em breve, convidados a ministrar palestras? O ex-presidente FHC, que levou o país à bancarrota, também anda dando suas palestras por aí (muito bem remuneradas, por sinal).

Uma outra questão de fundo: o que esses senhores, afinal, têm a nos ensinar? O que FHC tem a nos legar, a não ser o que já nos legou: um país quase falido? O que indivíduos como Jefferson têm a ensinar aos estudantes de Direito? Tá certo que ele saiu de lá escorraçado e debaixo de uma "chuva" de laranjas - alguns ovos também foram atirados em direção ao parlamentar (sic). Menos mal. O que sinaliza que nem tudo está perdido. Já na palestra dirigida aos comerciantes, o palestrante foi aplaudido com entusiasmo e fervor cívico. Fervor cívico?

Que pobre país é esse não consegue se livrar dessa sua irrefreável e "fatalista" marcha cívico-escatológica do "um pé no basta e um pé na bosta", já aludida por mim, aqui mesmo nesse espaço, em uma crônica anterior?! Somos "abençoados" com um dia de alegria e outro de desgraça. Um dia de alegria e outro de infortúnio. E assim por diante.

Que pobre país é esse em que seus heróis transformam-se, de repente, num lapso da história, em bandidos? E os bandidos são transformados em heróis?!

Que pobre país é esse que numa hora serve de exemplo e esperança para os povos (e para as esquerdas) da América Latina e de todo o mundo, conduzindo um ex-operário, líder e símbolo de um dos maiores e mais atuantes partidos de esquerda do globo, à Presidência da República para, logo em seguida, ameaçar depô-lo por suposto envolvimento em esquema de corrupção no financiamento de campanhas? Que pobre país é esse?!

Mas de quem será a culpa? Do país? Do seu povo? Das suas elites? Dos seus políticos? Da situação? Da oposição? Das "regras do jogo"? Da sua sorte?

Os políticos brasileiros, tanto os da oposição como os do PT e os da chamada base aliada, estão administrando essa crise de um modo desastrado, irresponsável, incompetente. As oposições só miram as eleições de 2006 e o desgaste do PT - e alguns, mais afeitos a golpismos e expedientes do gênero, o impedimento do presidente. Os membros do PT e os aliados batem cabeça e, atônitos, pecam, quando não pela inação, pela mais pura incompetência. Nem parece que estamos todos trancafiados e paralisados num paiol de pólvora. Nem parece que e fervura da caldeira está para explodir. Será que os excelentíssimos parlamentares não se dão conta de que estamos à beira de uma grave e perigosa crise institucional? Será que eles não percebem que essa crise levará de roldão a estabilidade da Economia e, junto, o país? Será? Será que o país é realmente o que importa de fato?

Ou o PT expulsa imediatamente e exemplarmente do partido todos aqueles que, de algum modo, macularam a sua história, ou o Partido dos Trabalhadores, não sendo digno sequer de zelar pelo seu patrimônio ético, pela sua história, muito menos terá sido digno de governar esse país. E que a oposição não insista em brincar de impeachment, pois essa "brincadeira" não tem a menor graça ou cabimento. O país precisa de normalidade institucional. As eleições de 2006 ainda estão distantes. O país precisa seguir em frente.

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