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Crônicas
21/08/2005 - 07h00
Perdi um milhão e tudo bem
Chico Guil - Agência Carta Maior
 

Vi na televisão o homem mais bem sucedido do planeta. Já faz alguns meses, mas a sua tranqüilidade diante do fracasso permanece viva em minha memória.

Sentado sobre quinhentos mil reais, que poderia levar para casa naquele mesmo instante, ele decidiu arriscar tudo e tentar a sorte definitiva: ganhar R$ 1 milhão em barras de ouro. Aliás, ele não arriscou a sorte, pois tinha certeza de sua resposta.

Devido ao fato de que os criadores da bandeira nacional decidiram colocar o enunciado de modo aditivo ("ordem e progresso") em vez de alternativo ("ordem ou progresso"), aquele simpático senhor, que já havia acertado 15 perguntas, errou ao contar o número de letras do "Ordem e Progresso". Disse que havia 16, quando são apenas 15.

Seu sucesso, no entanto, ficou marcado no instante de sua reação ao fracasso. Enquanto Sílvio Santos procurava consolá-lo, e a esposa, da platéia, condenava-o, ele disse simplesmente "tudo bem"! Sem dúvida estava triste, mas amparado pela sólida riqueza de sua consciência. Tudo bem, perdi um milhão, e daí? Parece pensar como um velho amigo meu, bahiano, que, em seus últimos dias, ao café da manhã, costumava exclamar: "Acordei, to vivo, ta bom".

Para aquele senhor, a posse de um milhão de reais representaria algo como o valor do trabalho de uma vida inteira. Mas ele não se abalou, provando desse modo que a felicidade não está na posse de bilhões, mas na capacidade de olhar para um milhãozinho que bate asas e exclamar "tudo bem!".

Os cientistas deveriam começar a abordar esses aspectos da fisiologia econômica mundial. A aflição do consumismo desenfreado está matando a humanidade e o planeta que a hospeda. No atual paradigma (que há duas décadas diz-se novo), permanece evidente a aflição do homem perante o infinito: a escuridão da morte, a busca da eternidade, a corrida louca pelos milhões. Quando alguém desce ao abismo e diz "tudo bem", podemos afirmar, com certeza, que ainda existe esperança. Ainda não estamos todos loucos, afinal de contas.

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