Fui apaixonada pelo professor Edgar Zinneck, nunca levantava a voz com os alunos, tratava todos com muito carinho. Mas comigo a sua atenção era redobrada, meu pai havia se suicidado e todos os seus amigos passaram a me tratar como filha. Seu Alvinho e o Nelson Vermelho acompanharam até os meus filhos, foi amor pra toda vida. Meu pai morreu em março, e naquele ano meu professor era ele, sempre olhava para mim e falava: - Se você tiver vontade de chorar, não faz mal, pode chorar! Eu não me lembro de ficar chorando, mas uma coisa eu lembro muito bem. Cada vez que o professor Edgar precisava se ausentar da classe, para ir à Diretoria ou se viesse alguma Supervisora visitar a escola, ele me chamava e falava: - Maria, senta aqui na minha mesa, e se alguém jogar papel nos outros, puxar o cabelo ou fizer alguma malcriação você anota o nome neste papel. Lá ia eu toda exibida para a mesa do professor, mas quando ele chegava o papel estava sempre em branco, ninguém fazia nada errado. E ele falava: - Que bom, ainda bem que ninguém fez nada errado. Só com o tempo fui descobrir que eu que fazia as coisas erradas, por isso ele me colocava pra tomar conta da sala. Foi um homem muito ligado à família, uma referência na Igreja Católica e é lembrado por todos com muito amor e carinho!
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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