Tenho viajado por São Sebastião e por Caraguá. Trafego, ultimamente, por boas estradas: vê-se que estão sendo melhoradas, diuturnamente. O mesmo diga-se das duas cidades, otimizadas dentro de suas possibilidades. Em Caraguá, da qual tenho notícias maiores, além de potencializar o que tem, cria meios de melhorar a vida de seus habitantes, especialmente com as promoções inteligentes de eventos que trazem consumidores. Tenho que confessar o baixo sentimento da inveja pelo que vejo nas duas cidades, de entorno muito diferente do de Ubatuba. Elas têm disciplinado, via administrações municipais e, creio, dos MPs locais, os abusos que se cometem. Hoje estive andando por Ubatuba. Em um só conjunto de pequenos prédios, na principal rua de Ubatuba, vi mais de dez anúncios de venda de apartamentos. O que se percebe dos prédios é que são de bom acabamento, em local sossegado, os mais altos com bom visual de todo entorno. Não me pareceram apartamentos de alto custo, difíceis de transacionar. Ao contrário, me parecem, em tese, apartamentos ideais para se ter, para lazer, em caráter permanente e serem usados sem grandes dispêndios. O que há para que as pessoas quererem se desfazer deles??? Vemos, também, lojas sendo esvaziadas ao longo de toda a cidade. Shoppings quase que vazios, de tal forma que, dizem, aceitam receber alugueis de suas lojas só nas temporadas, disponibilizando os espaços no resto do ano só com o pagamento de despesa condominiais e impostos. O que há para que tal aconteça??? Ubatuba, com sua natureza, seria feia? É evidente que não. É linda, ainda, apesar de todas as continuadas agressões. Tenho viajado como turista (é o que resta ao meu casal, em nossa idade, desde quando haja alguma sobra) por muitos lugares. Há locais lindos por todo este mundo: mas nenhum supera esta nossa dádiva de Deus. Ainda linda. Turismo, hoje, é uma das atividades mais rentáveis do mundo. É fato que independe de explicações. As parcelas envolvidas na atividade superam em muito ’mensalões’, cuecas e túneis de Fortaleza... Não é pouco. O que me parece absurdo é nosso diuturno esforço destruindo a beleza que Deus nos deu com o meio ambiente. Se os outros precisam criar, aqui já temos tudo criado e acabado. É só não destruir dentro do que tão mal estamos construindo. Precisamos criar e fazer cumprir mecanismos disciplinadores, providenciando condução pública e privada sérias, para tentar salvar a dádiva divina que constitui Ubatuba. Por enquanto, nenhuma das duas cidades supra referidas, inclusive Ilhabela, nos supera em beleza natural. Mas estamos sofrendo, com todo respeito, de dilapidação da benesse divina, via inconseqüência administrativa e cegueira própria dos ignorantes. Exemplo é meu caminho para minha casa, vindo da cidade. Chegando em Itamambuca, tenho a direita o loteamento legal, que tem ou teve fiscalização severa do Poder Público. Antes de chegar à portaria, atravessamos rio que está inteiramente destruído, quer em sua aparência, quer por estar, comprovadamente, poluído. Não conheço medidas legais de proteção efetiva do curso pluvial. Há notícia de uma ONG criada para tentar sua recuperação... Subindo a ladeira, em direção ao Félix, à esquerda, há simpáticas edificações ligadas às pedras... Estão adiante de indicação escrita do Morro do Thiagão (???). Estaria esta conjuntura pétrea legalizada e em local permitido? Logo em seguida, na subida do Itamambuca para o Félix, está brotando, acima das edificações dedicadas às pedras, edificação que se assemelha a um templo. Há, mesmo, na construção, apêndice com aparência de campanário, ora sendo coberto de telhas. Parece, em sua forma, sacra construção: se campanário, serviria, em hipótese, para abençoar o entorno selvagem, constituído de mata virgem. Para que acabe a maledicência e que se instaure a isonomia (igualdade perante a lei), que se coloque uma placa com as exigências legais de construtor, para legalidade da aparente pia edificação, dando notícias do direito de ali se edificar... mesmo que não seja igreja. Legalidade aparente e efetiva sacraliza o entorno e ajuda exorcizar incrédulos e maledicentes. Em suma, para que cesse a dúvida, que se verifique e informe, por escrito e no local, a legalidade do que ali se comete. É o mesmo processo de legalização expressa e aparente que se espera de todas edificações do lado esquerdo da subida, até a altura da Polícia Federal. Quando tal se der, teremos esperança de que possa, ainda, haver salvação do que sobrevive da natureza e da efetividade da atuação de quem de direito. Roberto de Mamede Costa Leite r-mamede@uol.com.br
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