Nasci e me criei no sertão pernambucano. Nunca frequentei a sociedade. Então a minha educação e cultura é ditada pelos hábitos e costumes do meu meio, do povo do sertão. Jamais me amoldei às etiquetas e nem ao modismo, permaneci um matuto do sertão. Com muito orgulho. Mas sou alguém pacífico, afável, doce que nem cocada de coco, afável, mas jamais deixei de dizer o que penso e nem de reclamar de fricotes. Nem renunciei aos meus hábitos e costumes do sertão. Pois bem, antes da pandemia, acho que na semana pré-carnavalesca de 2020, fui tomar um cafezinho e nesse café estavam vários amigos e conhecidos do sertão. Logo me chamaram para a mesa e me sentei. Mas estranhei que estivessem empaletozados num clima quente, e falando difícil, bancando ser chiques e importantes. Mas fiquei na minha. No entanto quando vi os caras comendo tapioca e bolo com garfo e faca, não aguentei e mandei ver: “Quem te viu e quem te vê! Vi muito vocês comerem tapioca usando a mão, nem lenço de papel havia. E agora tão com esse fricote de usar garfo e faca pra comer uma tapioca”. Peguei uma com a mão e comi. Os caras ficaram sem graça, o papo não engrenou. As pessoas que estavam no café riram, enfim, logo foram embora. Na semana seguinte passei pela frente do café e lá estavam eles, sem paletó e tomando café e comendo tapioca, mas pegando nelas com lenço de papel. Não entrei, só fiz rir. Inté.
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