Dois matutos se encontram na rua. Como é época de pandemia, o acessório principal contra a transmissão do coronavírus oculta parcialmente a fisionomia dos descontraídos conterrâneos sem, no entanto, disfarçar o jeitão peculiar e animado da gente dos rincões do País. Cidadãos simples, que apesar da aparente ingenuidade acerca de determinados acontecimentos, carregam consigo a sabedoria e a experiência adquirida ao longo da vida. Quem presenciou a cena garante que o interessante colóquio foi mais ou menos assim: - Tarde cumpadi, cumu vai as coisa? - Tarde. Opa, andano prá frenti qui atrai vem genti, sô... - Tá ino prônde? - Comprá ratoêra. As rataiada já tá saino das toca. - I num é qui é mêmo? - Intão... - Mi conta aí as nutícia boa. As ruim tô careca de sabê. - Pois pareci qui tão dupricano a istrada prà Cianorte. Num viu não a festança da inarguração? Tinha uma montanha de gente isparramada lá... - Uai, vi sim, intão cumu num haviria di vê aqueli inxame de ingravatadu tudo quereno aparecê nas foto? Vixi, mai num tá vigorano o tar du distanciamentu sociar? - Que tá, tá... mai pareci qui é só prus coitadu dus cidadão trabaiadô. Prus grandão e pras otoridade as lei casi nunca arcança não. Mai intão eles num tava tudo de máscra? - Tava. Tava tudinho di máscra sim. Mai tudo juntinho, grudadim qui nem ternêro largadu nu minuanu. Tinha inté palanqui e pedra fundamentar. Achei qui já tinha começado as campanha dus home, uai... - Cumpadi, si começô, intão si isqueçêro di avisá prú povo. Mai num liga não, qui o povo tá costumado a levá lapada nu cangote mêmo, uai... - Verdade cumpadi, verdade. Pensano bem cumpadi, acho qui vô comprá uma ratoêra eu tamém. - Intão vamo lá... - Vamo... Nota do Editor: José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva, PR.
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