Ninguém de bom senso pode afirmar que envelhecer não gera problemas. Gera sim, porque reduz as forças e ficamos lentos, aparecem achaques, a visão fica cansada, a memória começa a ratear, enfim, o envelhecimento limita o ser humano, ele é obrigado a abdicar de várias atividades. Isso é óbvio e ululante, só que alguns não aceitam de boa o envelhecimento e tentam escondê-lo, inclusive via fantasia, se vestindo de jovens (ficam ridículos), aderem à nova linguagem e até recorrem à cirurgia plástica (alguns ficam com um sorriso triste eterno, tipo Coringa). Detalhe: chegam ao cúmulo de negar a idade e evitar falar do outono da vida, estação inevitável, inexorável e irreversível. Penso que é preciso saber envelhecer, inclusive entendendo que essa estação tem muita importância e beleza, que faz parte do show da vida. Podemos sim, ser felizes envelhecendo. Gosto do conselho de Dom Hélder que disse que devemos envelhecer como os bons vinhos, tornando-nos melhores. Em síntese: devemos envelhecer sem envilecer. Por que essa versão à velhice? Não condeno o idoso que se veste bem e é vaidoso, mas deploro os que se vestem de garotões e ninfetas. Não se pode enganar o tempo. No mais, gosto do que disse a escritora francesa Colette: "Não chore, não junte os dedos em súplica, não se revolte: é preciso envelhecer". Bingo. Inté.
|