Mais da metade dos pacientes que participaram de um estudo americano empreendido pela Mayo Clinic College of Medicine demonstrou não saber listar os medicamentos que toma, nem por que toma e sequer conhece seus efeitos colaterais. Bastante preocupados, médicos dizem que pacientes que não levam os tratamentos a sério, respeitando a quantidade e a freqüência na ingestão dos remédios, correm um risco maior de sofrer recaída e desenvolver novos problemas de saúde em decorrência da negligência. "Os pacientes são responsáveis por seguir o tratamento do começo ao fim. Mas cabe aos médicos esclarecer todas as dúvidas do paciente quanto à doença que o está acometendo e a finalidade de cada medicação prescrita", diz Pedro Roberto Fausto, coordenador médico do Hospital Paulistano. Os médicos novaiorquinos Amgad Makaryus e Eli Friedman revelam que 72% dos 43 pacientes acompanhados desde 1999 sequer sabe para que servem as drogas prescritas pelos médicos e qual o diagnóstico acertado da doença. "Usar uma forma de linguagem simplificada é um dos aspectos mais importantes no contato com o paciente. Outro ponto relevante é saber como é a rotina do doente antes de prescrever medicamentos que comprometam demais seus afazeres. Isso é fundamental para diferir aquele paciente que pode tomar um antibiótico quatro vezes ao dia daquele que precisa de fórmulas inteligentes - que são ingeridas em dose única e costumam aumentar a adesão ao tratamento", diz o médico. Doutor Pedro defende que o entendimento total da sua própria saúde e dos objetivos do tratamento pode ser considerado mais um sinal vital do paciente. O médico aponta alguns tópicos essenciais para tirar o máximo proveito dos tratamentos e ganhar na ponta, com mais saúde: · A educação da população sobre a importância de buscar entender melhor sua própria saúde deveria começar nas escolas primárias; · As pessoas deveriam aprender a elaborar um "plano de tratamento", ou seja, elencar cada remédio prescrito, discriminar para que serve, a que horas deve ser ingerido e até quando. Se o paciente montar uma "tabelinha" fica mais fácil controlar o uso diário dos medicamentos. Outro recurso é separar os remédios em pequenas caixas plásticas, subdividindo-os por dia ou horários; · Aos médicos, cabe fazer uso de linguagem mais acessível, de fácil entendimento. Prescrições de fácil compreensão subentendem a necessidade de uma letra legível; · Formar grupos de pacientes que sofrem da mesma doença e desenvolver algumas atividades em conjunto pode ser bastante proveitoso. A troca de experiências com outros pacientes ou familiares pode ajudar o doente a adotar uma postura mais integrada(*); · Por fim, e muitíssimo importante, cabe aos pacientes acostumarem-se a ler atentamente tanto as prescrições médicas como as bulas dos remédios que estão fazendo uso. Nesse ponto, a indústria farmacêutica poderia colaborar, imprimindo bulas com letras maiores e mais fáceis de serem lidas. (*) O Hospital Paulistano criou um Grupo de Educação Continuada em Asma, onde pacientes recebem orientação de médicos e enfermeiras especializados em Pneumologia. Esse trabalho tem reduzido o número de vezes que esses pacientes recorrem ao Pronto-Socorro e, conseqüentemente, o número de internações - o que promove melhoria da qualidade de vida dos asmáticos.
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