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Crônicas
26/08/2005 - 18h02
O PT e os órfãos da esperança
Sérgio Luís Domingues
 

Quando mais de 52 milhões de pessoas elegeram o ex-operário Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil, estavam absolutamente convictos que o PT (Partido dos Trabalhadores), que sempre foi unha e carne com o presidente, fosse promover uma revolução moral no país. Uma vez que, durante mais de vinte anos de oposição, a bandeira empunhada pelo partido de Lula, foi a da moralidade.

Agora, com o enxovalhamento sem fim do PT e seus principais dirigentes, amigos, conselheiros de Lula, envoltos no mais profundo mar de lama, os mais de 52 milhões de eleitores estão órfãos da esperança de um Brasil sem corrupção.

A imprensa brasileira muito tem falado dos escândalos e seus pivôs, mas solenemente se esquece dos eleitores de Lula que se encontram decepcionados pelos quatro cantos do país, sem saber a quem chorar as mágoas. Pois se encontram destituídos do sentimento de confiança, de que, desta vez, tudo finalmente seria diferente na política brasileira, afinal, havia na presidência um homem que andou de ônibus, derramou suor ao trabalhar em galpão de zinco quente, chegou a passar fome na infância, e como muitos conterrâneos nordestinos, veio para São Paulo com a família em busca de uma vida melhor. E, ao chegar na vida política, se fez com o discurso de moralizar o Brasil.

E quando no poder, seu governo, seu partido, seus amigos se envolvem em gigantesco e milionário esquema de corrupção, fazendo com que a confiança de seu eleitorado em ter finalmente acertado nas urnas deixe de existir; e a esperança passa a dar lugar à frustração.

Estes sentimentos não seriam tão destrutivos não fossem pelo fato de Lula e seu PT sempre terem utilizado uma ideologia moralizadora pautada pela retidão de conduta. E não podemos esquecer que ideologia é um dos meios usados pelos dominantes para exercer a dominação, fazendo com que esta não seja percebida como tal pelos dominados. Ou seja, uma manobra perversa que visava única e exclusivamente à chegada ao poder, a qualquer preço, fazendo recordar Maquiavel na clássica passagem de seu livro o Príncipe: "o fim justifica os meios". Esta afirmação está sendo comprovada pelos fatos apurados nas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), que, não devemos nos esquecer, o governo petista tentou impedir que se realizassem, utilizando o mesmo expediente que sempre criticou quando na oposição.

Mas por falar em preço, parece que os milhões distribuídos como "água" pelo mega-empresário, financiador e publicitário Marcos Valério a dezenas de companheiros, começam a queimar as mãos de seus proprietários, que, em depoimentos à CPI em Brasília, chegam a chorar diante das provas irrefutáveis do recebimento dos recursos. A exemplo do "marqueteiro" chefe na eleição de Lula, Duda Mendonça.

A atual disputa eleitoral foi "pensada" de forma a favorecer a fraude, com relação à prestação de contas de campanha. À medida que o marketing eleitoral tomou a forma de ferramenta superpoderosa, na eleição do candidato, seus praticantes mais famosos passam a ser remunerados a peso de ouro, já que a melhor estratégia de marketing quase sempre significa ganhar a eleição.

Foi pensando desta maneira que o PT contratou por R$ 25 milhões o trabalho de Duda Mendonça para fazer a campanha de Lula e mais alguns candidatos minoritários. Valores divulgados pelo próprio Mendonça à CPI.

Para ganhar eleições no Brasil passou a valer tudo, pegar um sapo, banhá-lo, maquiá-lo, perfumá-lo, adestrá-lo e vender como príncipe. Sendo que o marketing eleitoral exercido eticamente, pressupõe que o sapo possa receber esse banho de loja, mas jamais ser oferecido, enganosamente, como príncipe, e sim como o mais perfumado e elegante dos sapos apenas.

Estes abusos somente são percebidos pelo eleitor incauto quando no exercício do poder, o ocupante do cargo deixa transparecer que está subdimensionado para a função, mas ao contrário da iniciativa privada, a "demissão" de políticos eleitos pelo povo não é assim tão simples.

A tese da orfandade dos eleitores de Lula se fundamenta no fato de a "marca política" do presidente da República ter sido erguida no discurso da moralidade e do respeito ao dinheiro público. Lula nunca foi um político "genérico", sempre viveu politicamente abraçado à sua identificação partidária que hoje tenta se desvencilhar para se resguardar fisicamente da crise moral do PT.

Desta forma, se há à disposição do eleitor um candidato com forte marca política, com certeza receberá grande parcela de votos, sobretudo se falar exatamente o que o eleitorado quer ouvir. Isto mostra que o marketing eleitoral irresponsável é duplamente prejudicial à democracia, já que "vende" o candidato embalado de forma enganosa, e não avança no salutar terreno das idéias originais, lançando mão de pesquisas qualitativas, para saber o quê exatamente o eleitorado gostaria que o candidato dissesse.

E este, por sua vez, irá reproduzir em sua campanha, única e exclusivamente a vontade da maioria, sem dar a mínima importância, se os anseios são factíveis ou benéficos à população a ser governada.

Portanto, se queremos moralizar o processo eleitoral brasileiro, temos de modificar drasticamente as campanhas eleitorais, reduzindo o tempo de exposição do candidato no rádio e na televisão, fazendo com que estas aparições sejam única e exclusivamente para que a sociedade conheça suas idéias e não seu poderio como mega-produtor de shows televisivos, financiados com dinheiro quase sempre sujo.

Enquanto esta mudança não ocorre de fato, candidatos continuarão a brincar com a esperança do eleitorado, e, depois de eleitos, caso se envolvam em um mar de lama como vem ocorrendo no governo petista, deixarão órfãos milhões de brasileiros.


Nota do Editor: Sérgio Luís Domingues é jornalista, consultor de Marketing e Comunicação e professor de Marketing.

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