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SEÇÃO
Crônicas
30/08/2021 - 06h28
Tamarineiro
Rosa Alves
 

Vejo crianças confinadas em seus apartamentos, onde infelizmente as portas da fantasia, da imaginação são arrombadas pelas telas dos celulares, arrancando-lhes o que há de mais precioso, um pecado imperdoável a meu ver. Atualmente quando estão nas ruas, juntamente com os brinquedos eletrônicos, caminham só com os olhinhos de fora, devido às máscaras com estampas infantis, sinônimas de tempos apreensivos, dolorosos ao entendimento de uma criança.

Esse universo lúdico, fez-me lembrar do pé de tamarindo que havia em nossa casa, sinto o balançar de suas folhas sensíveis que davam asas à nossa imaginação: malmequer, bem-me-quer e assim íamos nos divertindo com aquelas folhinhas tão delicadas! Saudosista, fico a pensar nessa árvore decorativa, de porte majestoso, ornamentando nossa meninice, acolhendo a mim e a meus irmãos sob sua sombra fresquinha, oferecendo-nos seus frutos agridoces, imaginações e risadas recíprocas.

Nessa época, não havia energia elétrica nas propriedades rurais do Centro Oeste mineiro, mas e a criatividade infantil? Quando chovia, a peneira entrelaçada de bambu, feita por papai, já estava à nossa espera, amparando as pedrinhas da chuva (assim que falávamos, "pedrinhas da chuva"). Colhíamos os tamarindos e num piscar de olhos estava pronto o nosso suco: pedrinhas de chuva, polpas de tamarindo e açúcar. Essa iguaria era servida em copos de alumínio estampando orvalho aos nossos olhos, um fascínio!

Passados tantos anos, lendo sobre os tamarineiros, aprendi que são originários das savanas africanas, embora com maior consumo na Índia. São usados no preparo de bombons, bolos, sorvetes, licores, xaropes, são também antioxidantes, anti-inflamatórios. Usados também pelos mexicanos e asiáticos como condimentos no preparo de pratos salgados, sopas, guisados. Dizem que seus chás são benéficos à saúde capilar, à redução da pressão arterial e que as sementes processadas de seus frutos são utilizadas como goma (cola) para tecidos ou papéis. No Brasil, seu maior consumo está no Norte e Nordeste, tendo se adaptado facilmente a essas regiões, devido ao clima mais quente.

Li também que sua madeira é de excelente qualidade, resistente à ação dos cupins, utilizada na fabricação de móveis, brinquedos, pilões. Não me interessei por esse parágrafo, prefiro o tamarineiro cúmplice de minha infância, que me ofertou o melhor suco que já tomei em toda minha vida, deixando saudades de uma infância tão querida, longe do mundo televisivo, dos celulares que invadem as infâncias perdidas...

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