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Crônicas
01/10/2021 - 05h49
Terminal Marítimo Almirante Barroso
Maria Angélica de Moura Miranda
 

Eu considero este um bom momento para relembrarmos por que foi construído o Terminal Marítimo Almirante Barroso em São Sebastião, SP.

É uma maneira de relembrar os pioneiros que transformaram em realidade a indústria petrolífera brasileira. Muita gente foi contra, não acreditavam que o Brasil seria capaz de explorar, refinar e distribuir o petróleo nacional. Muitos especialistas que eu entrevistei se desdobraram para realizar esse projeto, que hoje nós sabemos que é possível.

Vejo com surpresa que voltaram a fazer “Transbordo” no Canal de São Sebastião, SP, agora com o nome “Ship to Ship” que quer dizer: Navio para Navio. Isso é tão absurdo, pois o Terminal foi construído justamente por que a profundidade do canal dispensava esse tipo de manobra que causou tanto derramamento de petróleo até a década de 70.

O Terminal foi construído pois os navios faziam o Transbordo no Canal de São Sebastião. Quando um navio maior, passa o petróleo para dois navios menores através de mangueiras de borracha, e esses menores, seguiam para descarregar no porto de Santos, SP, onde o calado é menor.

Ainda em 1988 quando eu era responsável pelo jornal TEBAR em notícias, a legislação era tão fraca que os navios lavavam o tanque no canal, depois de descarregarem o petróleo.

Foram tantos anos de luta para acabar esse tipo de operação que nos faz perder duas vezes, perdemos quando corremos o risco de vazamentos de petróleo e até de explosão e perdemos novamente pois se fazem o transbordo para navio menores, esses navios atracam em outros portos, portanto, perdemos receita com isso.

O IBAMA fez uma normativa, nº 16 de 26 de agosto de 2013, deixando claro que esse tipo de operação só poderia ser feita há 50 km da costa, no artigo 8 inciso II. Aqui está sendo feita a 800 m da praia em São Sebastião, e um pouco mais que isso das praias de Ilhabela, SP. O risco de explosão deve-se ao fato de que além do petróleo, os navios tem uma camada de gás, que pode causar explosão, como aconteceu com o navio tanque Alina P, dia 31 de dezembro de 1991, quando dois tripulantes morreram.

Há também um descaso com a vida útil dos navios, aportam por aqui navios com mais de 30 anos em operação, quando nos Estados Unidos só podem ter até 10 anos.

Em 2020 ficamos sabendo através de uma premiação que na noite de 28 de abril de 2019, dois navios que estavam fazendo transbordo, ficaram à deriva, durante uma tempestade causando risco de vazamento e explosão, uma emergência que não foi noticiada na mídia local, só tomamos conhecimento pois os práticos que conseguiram contornar a situação de emergência foram premiados.

Segundo a notícia o vento estava a 130 km por hora e as ondas eram de 1,5 à 2 metros, imaginem o mar, como deveria estar?

As notícias não comentaram sobre o perigo da operação que estava sendo feita, mesmo em baixo de uma tempestade. Com certeza quem estava à frente não deve saber que na noite de de 20 de abril de 1977 o navio tanque Cairu, executou uma manobra violenta por causa do mal tempo, quebrando os cabos de aço, e acabou atravessando a ponte de acesso ao Pier Sul, cortando-a ao meio e danificando assim todas as linhas de oleoduto, causando um incêndio de grandes proporções que durou quase 20h, com risco inclusive de explosão do navio. Nesse acidente um tripulante tentou pular do navio para um rebocador, por causa do desespero e caiu no mar, só foi encontrado dias depois.

Fiquei muito surpresa pois as notícias falavam do prêmio, mas não falavam do risco eminente que houve na operação.

Faço há muitos anos abaixo-assinados cobrando do Terminal o fato de que hoje não temos os funcionários de empreiteira que faziam a manutenção. Aqui no Centro, na Rua Ilhabela diariamente tínhamos mais de 200 funcionários na hora do almoço e agora eles não estão mais por ali.

Há pouco tempo observei um acontecimento que me causou muito susto, a cidade foi acometida por falta de luz e a área da Transpetro também ficou escura, demonstrando que o gerador, que funciona há mais de 40 anos deve estar quebrado. Para nós que moramos perto da área da Transpetro é bem claro o abandono, com certeza para desvalorizar e vender esse patrimônio que nos pertence.


Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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