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Crônicas
31/08/2005 - 15h33
O Partido Sanitário
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Como muitos, assisti à entrevista em que o ministro Antonio Palocci defendeu-se das acusações que lhe são feitas. Como muitos, fiquei impressionado pela firmeza e pela tranqüilidade de Palocci, cujo depoimento, se for confirmado, poderá ser um turning point nisto que parece ser uma derrocada do governo e do Partido dos Trabalhadores. Pergunta: por que Palocci foi diferente? É uma questão de personalidade, de caráter?

Pode ser. Mas lembro um detalhe que talvez ajude a explicar o modo palocciano de administrar. Antonio Palocci Filho é médico, formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, e é médico de saúde pública, campo no qual teve razoável experiência: antes de ser eleito vereador, trabalhou por cinco anos como servidor da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo em Ribeirão Preto, onde criou o Ambulatório de Saúde do Trabalhador e chefiou a diretoria regional da Vigilância Sanitária.

Há muitas portas de entrada para a realidade brasileira, e para a realidade de qualquer país, mas a saúde pública é das mais confiáveis. Para começar, parte de uma avaliação objetiva. Sanitaristas trabalham com números: mortalidade infantil, expectativa de vida, incidência de doenças. E estão acostumados a ser objetivos. A problemática de saúde não se enfrenta com retórica, mas sim com medidas práticas. E aí não é difícil chegar a um consenso sobre o que deve ser feito. Os sanitaristas podem ser de esquerda, de direita ou de centro, podem discordar quanto às linhas da política em geral, mas mostrarão uma notável concordância em relação à programação de saúde. Durante muito tempo, falou-se, no Brasil, em um mítico "Partido Sanitário", que, acima das divergências ideológicas, uniria todos aqueles que se dedicam à causa de melhorar a saúde da população. Exemplo disso foi o antigo Departamento Nacional de Tuberculose, que mantinha um excelente programa de controle da doença, a cargo de uma equipe que vinha junta há muitos anos. Cada vez que trocava o governo, um dos membros dessa equipe acabava sendo convidado para chefiar o departamento; mas ele tinha o compromisso moral de garantir a seus colegas condições para que continuassem o trabalho. E isto aconteceu em muitas outras áreas da saúde.

Não creio que o ministro Palocci volte a ser médico de saúde pública. A trajetória que ele seguiu e que o levou do plano técnico-administrativo para o plano político é irreversível. Mas espero que ele não esqueça as muitas lições que deve ter aprendido na prática de saúde pública, sobretudo a lição da coerência, da consistência, da objetividade. Se aproveitar essas lições, será bom para ele e bom para o país.

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