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Crônicas
03/09/2005 - 10h05
As raposas e o presidente
Chico Guil - Agência Carta Maior
 
"Na frente de todos os candidatos está o bafo de suas promessas."

Cem entre cem brasileiros imaginam ter o dedo do Lula no caso do Mensalão. Mas ninguém ousa dizê-lo agora, neste melodramático instante sempre decisivo da nossa economia. Quem já fez parte de qualquer grupo de poder sabe que as patranhas cometidas pelo PT não poderiam passar longe das vistas do Big Boss. Afinal, o objetivo último não era desviar verbas para a diretoria do partido ou quem quer que fosse, mas formar bancada para facilitar as ações do governo, e o governo é Lula.

E agora temos de ouvir senadores como Álvaro Dias, o mesmo que vendeu as telecomunicações do Paraná, falando como xerifes! Falando em impeachment e depois voltando atrás, para que a queda de Lula não levasse junto a confortável estabilidade dos grupos estrangeiros e de seus confrades brasileiros podres de ricos. É lamentável que nosso presidente, amado, aclamado, querido, tenha de se segurar nesta insólita teia de aranhas para não cair na inglória dos presidentes caçados.

Não creio que Lula tenha, em algum momento, agido de má-fé. Ele quer a transformação social do Brasil, tenho certeza. Mas sua ação nos moldes de FHC Sociedade Anônima já estava prevista pela esquerda do PT desde antes das eleições de 2002. Ele não precisava radicalizar, como Chaves, mas poderia ter sido criativo o bastante para encontrar outros meios que fizessem valer suas vontades, ou as que correspondem ao ideário de seu partido.

O fim dos cursos de formação

Quem acompanha de perto as atividades do Partido dos Trabalhadores, há muito percebeu que o crescimento da sigla foi acompanhado de um grande fluxo de raposas para seu interior. A partir de certo momento, com as raposas escalando cargos de diretórios, a palavra de ordem tornou-se "vencer a qualquer preço", não só nacionalmente - como foi comprovado pelas estranhas alianças firmadas em 2002, mas também nos estados e municípios. O mais evidente sintoma dessa degeneração foi o fim dos cursos de formação política do PT, nos quais os novos filiados tinham a oportunidade de conhecer com relativa profundidade as rapinagens da direita e a doutrina solidária do Partido dos Trabalhadores. Se o objetivo era vencer, para que conhecer a doutrina? O esquema de alianças e o marketing eram mais importantes que a dor de barriga dos brasileiros mortos de fome!

Diferentemente de outras siglas partidárias, nas reuniões do velho PT não se falava em "como" ganhar a eleição, mas em "por que" ganhar a eleição. Havia entre os participantes, oradores e ouvintes, um sentimento solene de estar-se fazendo algo maior, numa luta heróica contra as "ondas profundas" do capitalismo porco e sanguinário e em favor de milhões de inocentes, seres humanos merecedores de humanidades.

Lula tremeu, e era previsível. Sobre este homem simples veio uma carga de 500 anos, e nem por isso ele deixou de mostrar sua marca, chorando sempre que pôde em ocasiões em que presidentes não podem chorar, trazendo a esperança e a "primavera nos dentes" até o último momento antes da primeira denúncia.

O civismo dos urubus

Os urubus estão crocitando, como nos tempos de Collor, empunhando a bandeira nacional e vomitando civismo. Mas como eles poderão governar de agora em diante, se para manchar a imagem de Lula tiveram de abrir a caixa de Pandora que eles mesmos fecharam?

Avalio positivamente a vitória do Brasil, que somente agora alcança sua maioridade, com a consagração da esquerda como uma alternativa viável na cabeça do cidadão comum. Somente lamento a "queima" de um bravo como José Dirceu. Culpado, talvez, por não conseguir extinguir o mensalão, esta vergonha que existe em praticamente todas as Câmaras e Assembléias Legislativas do Brasil, inclusive as municipais, Dirceu tornou-se o fantoche da derrota petista e está sendo visto como o pior dos demônios. Foi vítima do medo em afirmar-se acima do tradicionalismo babão, onde a política serve para projetar personalidades, amealhar fortunas e perpetuar o escravismo.

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