Apresentada como solução "mágica" no tratamento de varizes, a técnica da espuma, aplicada em muitos consultórios, pode colocar pacientes em risco. A técnica consiste em uma microespuma de líquido esclerosante que é bastante agressiva à parte interna dos vasos. Ao contrário do que muitos pregam, em segundos ela pode seguir ao coração, à retina, às artérias coronárias ou ao cérebro. Como não se dissolve, a espuma às vezes não chega a sair das veias doentes. No entanto, muitas vezes o sangue "empurra-a" à corrente sanguínea, gerando riscos de trombose venosa profunda, embolia pulmonar, derrame cerebral, necrose de retina e isquemia cardíaca. "O método se popularizou porque é de fácil aplicação, muito agressivo e não exige grandes investimentos tecnológicos. Torna-se, portanto, mais barato. Mas as complicações já confirmadas vão da pigmentação da pele até o óbito", avalia o cirurgião vascular Kasuo Miyake, que tem doutorado em Cirurgia pela USP e é diretor da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia. No 15º Congresso Mundial de Flebologia, que acontecerá de 2 a 7 de outubro, no Rio de Janeiro, serão apresentados dois estudos - um australiano e um norte-americano - que confirmam os riscos da espuma. A primeira pesquisa mostra as possíveis complicações decorrentes da técnica, como embolia pulmonar e insuficiência coronariana. O estudo norte-americano conseguiu documentar, por meio de um ecocardiograma, a passagem da espuma pelo coração, em direção ao pulmão ou ao cérebro.
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