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Crônicas
15/09/2005 - 17h36
Os manés do Zé
Eloisa Nascimento
 

Não se usa muito hoje, mas falava-se muito o "parece que não reza" quando alguém cometia alguma sandice. Pois, mais uma vez, o ditado popular mostra que a filosofia do povo ainda é a mais coerente com o cotidiano da vida. O ex-ministro José Dirceu, ex-presidente de fato do Brasil, o ex-pode tudo da República, o trator petista encarregado de preparar o caminho para uma longa jornada no poder, diz que não reza. "Não preciso", disse. Claro! Tudo que o Zé faz e fez mostra que realmente manter intercâmbio com Deus é coisa que nunca fez. E, pelo tamanho da banca, tão cedo não o fará.

Engana-se quem pensa que o Zé virou povo quando ficou exilado em Cuba vendo aquele miserê socialista. Não. O Zé quando viveu em Cruzeiro do Oeste (PR), entre 1969 e 1979, não adotou o nome falso de Joaquim da Silva ou Sebastião de Souza. Não. O Zé se chamava Carlos Henrique Gouveia de Mello (com dois éles que é para ficar mais chique, dois eles de Collor saber-se-ia mais tarde). O Zé vendia calças masculinas. Cueca naquele tempo era palavrão que ficava do lado de dentro até virar carro-forte no reino do Zé.

Quando pessoas como a deputada e ex-prefeita Ângela Guadagnin, de São José dos Campos, defendem com tanto denodo o Zé, não dá para acreditar. A Ângela é igrejeira, inclusive. Rezar é fundamental, porque, por menos efeito que faça, cria um vínculo escondido lá dentro da alma que, um dia, aflora e faz a pessoa pensar nas conseqüências de seus atos em relação a outras pessoas. Faz com que a pessoa, um dia, chegue à conclusão de que o universo não foi feito só para abrigar o planeta Terra e que o homem, além de não estar só, também não é o último patamar da criação em termos de evolução de seu espírito, eu, alma, ou o que outro nome se dê ao que subsiste à matéria orgânica.

Mas o Zé não quis saber. Pilotou um projeto que drenou dinheiro que falta para promover a dignidade humana nos rincões da miséria no país afora e na periferia das cidades. Será que o Zé nunca pensou quantos remédios daria para comprar para o SUS com uma única mala? Ou que esse merdoduto todo daria para tirar um montão de gente da fila da cirurgia eletiva? E nem se fale na melhoria dos serviços de previdência social para todos infelizes segurados das filas das noites frias e das madrugadas soturnas.

Engraçado é que jornalistas que têm mania de transformar tudo em cesta básica, casa e carro popular, até agora não fizeram as contas de quanto daria para comprar com o que se diz (até agora) que se desviou dos cofres públicos sem saber direito quais cofres. Talvez, a turma que faz esse tipo de conta inda esteja catatônica.

O Zé mudou de cara em Cuba. Fez plástica para enganar a ditadura. Pois o Zé foi além. Conseguiu o milagre da multiplicação das caras e todo dia aparece com uma diferente e todas juntas se dizem inocente. Rima, mas não convence. Mas o pior foi mudar a cara do lado de dentro ou assumir a verdadeira cara. Quem sabe!

O Zé pegou pesado. Pisou em cima daquela linda festa da posse de Lula feita em Brasília em nome da redenção dos zés da pátria e das marias do Brasil. Agora, dizem que o Zé deveria ter vergonha na cara, renunciar e ir para casa. Mas como pedir um naco de sentimento cívico para quem não reza, para quem, um dia, chegou para a própria mulher e deve ter dito: "Assinaram a anistia, eu não sou eu. Tchau". E virou as costas deixando um filho no caminho como a pedra do poema de Drumond; o filho que, mais tarde, quando a "revolução pelo voto" foi instalada, ganhou poder e dinheiro para ganhar um município para chamar só de seu. Como o Zé tinha ganhado um país. Como preposto, mas tinha.

Agora, o Zé se debate nos estertores da agonia de um delírio que chegou ao fim. Mas não está satisfeito. O Zé quer mais. O partido era mais importante que o país. Por isso, o Zé, depois de ter arrebentado com o país, agora quer liquidar também com o que ficou do PT. Pior que o PT, camicaze ou partido-bomba, deixa. O PT tem fixação no Zé. Freud não explica. A fé em Deus poderia explicar, justificar ou conformar. Mas o Zé não precisa rezar. Ele já disse disso. Talvez uma passagem para Cuba seja tudo que o Zé precise nessa hora, porque até Cruzeiro do Oeste já sabe o seu nome e a sua cara. Cruzeiro do Oeste, onde o Zé confeccionava calças masculinas com a marca que atendia pelo sugestivo nome de Bang.

Mãos ao alto para nós, o manés do país do Zé.


Nota do Editor: Eloisa Nascimento é jornalista e diretora do Diário de Jacareí (SP).

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