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Crônicas
17/09/2005 - 06h05
Um dilema para os pais
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Todos os pais têm em relação aos filhos - sobretudo filhos adolescentes - uma natural ambivalência. De um lado, querem vê-los autônomos, independentes, seguindo sua própria vida; de outro, querem mantê-los por perto o maior tempo possível. Casa sem filhos é uma coisa que desanima os casais; existe até um nome para isso, a síndrome do ninho vazio. A expressão foi criada nos Estados Unidos, onde faz parte da tradição familiar os filhos deixarem a casa dos pais quando entram na universidade. Vão para outra cidade, para outro Estado, e começam uma vida totalmente diferente; freqüentemente moram em uma república de estudantes, têm de cuidar da própria vida - em suma, tornam-se independentes.

Não é uma independência isenta de riscos. O consumo de álcool, e às vezes de drogas, é alto nessas repúblicas. Isto, associado à ausência, explica a ansiedade dos pais, sobretudo das mães - a síndrome do ninho vazio é mais freqüente entre elas. Mesmo porque o afastamento dos filhos não raro coincide com a menopausa, que também é fonte de problemas.

O que fazer? Os educadores têm algumas recomendações. Em primeiro lugar, advertem a respeito das tentativas de estar em constante contato com os filhos distantes. Telefonemas a toda hora podem embaraçar os jovens, especialmente se eles atendem com os amigos por perto. É melhor limitar as chamadas telefônicas a duas ou três por semana e usar o e-mail, que proporciona uma comunicação igualmente efetiva e mais privada.

A ausência dos filhos é dolorosa, mas representa uma oportunidade para um reencontro do casal. Marido e mulher podem agora conviver mais intimamente, podem fazer coisas que eram impossíveis quando as crianças eram pequenas - viajar juntos, por exemplo. Em suma, a síndrome do ninho vazio é um desafio, e às vezes um doloroso desafio, mas um desafio que pode ser superado.

Aparentemente a síndrome do ninho vazio é mais rara no Brasil. Aqui os filhos vão à universidade na mesma cidade em que moram; saem de manhã e voltam à tarde. Mais: estamos vivendo uma época em que, por causa das dificuldades em encontrar emprego, os jovens, mesmo formados, tendem a permanecer mais tempo na casa paterna, não raro trazendo a namorada ou o namorado. A antiga família nuclear está voltando assim a se alargar.

Isto não quer dizer que os pais brasileiros sejam mais tranqüilos que os americanos. Porque seus filhos podem morar perto, mas também saem de casa - para noite, para viagens. E isto, como a síndrome do ninho vazio, pode ser um desafio, que precisa ser enfrentado com bom senso. A principal providência é assegurar que o contato possa ser feito a qualquer momento. O celular foi revolucionário neste sentido, mas não deve se transformar em uma forma de controle, de vigilância. Outras formas de controle podem até ser piores: o caso de uma senhora que desaprovava o fato de o filho ser surfista. Em protesto, ela ia até a praia e ficava diante do mar - mas de costas, para mostrar sua indignação. Indignação tão cômica quanto inútil.

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