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Crônicas
17/09/2005 - 08h40
Cinqüenta e cinco anos de TV no Brasil
Elmo Francfort
 

No próximo domingo, 18 de setembro, a televisão brasileira comemora mais um ano de vida. Há 55 anos atrás começava uma longa história nos estúdios da PRF-3 TV Tupy-Difusora, canal 3 de São Paulo. A Cidade do Rádio (como era chamado todo complexo dos Diários Associados no Sumaré) deixava de abrigar apenas as rádios Tupi e Difusora, dando espaço ao novo meio.

O jornalista Assis Chateaubriand, o "Velho Capitão" dos Associados, foi considerado um inconseqüente pelos funcionários da RCA que o mostraram aquela novidade tecnológica. Eles tinham certeza que a televisão não iria pegar no Brasil, por não termos condições financeiras para pagar os caros televisores, nem para dar a manutenção devida à uma emissora. Na teimosia, Chatô não se contentou em comprar tudo que era preciso para uma emissora de televisão. Comprou duas! Uma para ser montada em São Paulo, outra no Rio de Janeiro.

Mas loucura mesmo foi comprar 200 televisores de última hora. Haviam se esquecido que era preciso dos tais receptores (na época, caríssimos) para assistirem a inauguração da TV. Espalharam por toda São Paulo. Pensando em lugares que muitos poderiam assistir, Chatô doou para lojas como o Mappin da Praça Ramos de Azevedo. E ainda presenteou amigos. Um dos felizardos foi Roberto Marinho. Imaginem que décadas depois a importância de um se transferiria para o outro, com o poderio da Rede Globo.

Agitação, correria, Frei Mojica cantando, Homero Silva apresentando e tudo que merecia uma grande estréia. O show "TV na Taba" apresentou com esquetes e simulações tudo que uma televisão poderia oferecer ao telespectador. Esporte, entretenimento, informação. Como exemplo, Maurício Loureiro Gama apresentou uma crônica política, se tornando o primeiro jornalista da televisão.

E no final do show, levantou-se a dúvida: "E no dia seguinte? O que faremos?" Para surpresa de todos, o jeito brasileiro de improvisar - sempre com profissionalismo - solucionou o problema rapidamente. Tanto é, que no dia seguinte, 19 de setembro de 1950, começou o primeiro telejornal: "Imagens do Dia" e foram exibidos documentários em película que conseguiram em consulados. Na dramaturgia, o primeiro teleteatro foi a adaptação do filme "Vida por um Fio", com Lia de Aguiar. O humor ganhou "Rancho Alegre", com Mazaroppi. O esporte se fez com as primeiras transmissões de jogos do Estádio do Pacaembú. As crianças eram brindadas com programas como "Clube do Papai Noel" e "Circo Bombril"... Nasceram os grandes teatros... "TV de Vanguarda", "TV de Comédia", "Grande Teatro Tupi"... Em 1951 também na Tupi paulista, veio a primeira novela (não diária), "Sua Vida Me Pertence", que ficou marcada pelo polêmico beijo entre Vida Alves e Walter Forster... A televisão finalmente pegou seu ritmo, mesmo trazendo somente programação às noites.

Em 1952 nasceu a concorrência. Até então só existia a Tupi paulista e a carioca, canal 6. Naquele ano começava a TV Paulista, canal 5 de São Paulo. A emissora ainda não pertencia a Victor Costa (diretor da Rádio Nacional carioca), mas com os recursos que tinha ia se mantendo e tentando rivalizar com a emissora dos Associados. Um ano depois a TV Record chega e, tendo um apoio de um grupo forte por trás, começa a dar início a uma concorrência mais acirrada. Daí para frente, começam a pipocar emissoras por todo país, sendo a maioria das pioneiras em cada Estado pertencentes aos Associados.

A televisão cresceu como uma família de coelhos em um período de grande fertilidade. Hoje é quase impossível de se contar quantas emissoras existem e contabilizar tudo que cada uma colaborou para o crescimento do meio. A Excelsior trouxe a televisão moderna - tornou atores e apresentadores em ídolos, inventou o conceito de rede, trouxe as novelas diárias -, a Record marcou época com seus festivais, as cores chegaram em 1972, os incêndios apagaram a história e a chegada do homem à Lua acendeu os olhos dos telespectadores.

Das três emissoras pioneiras fica uma curiosidade. A primeira se transformou em um gigante, foi um gigante que conviveu com crises e grandes sucessos. A Rede Tupi era a emissora que havia crescido com o brasileiro, a tradicional. O público cativo se dividia em dois na década de 70: os que assistiam a Tupi e os que assistiam a Globo. Com a morte da pioneira em 1980, tudo se quebrou e nunca mais alcançaram a Globo sem precisar de grande fôlego. O gigante se partiu em dois. Virou Manchete e SBT. Justamente as duas que conseguiram passar a Globo deixando marcas na história da TV como "Pantanal" e "Casa dos Artistas".

Da segunda pioneira, a TV Paulista, ela em seu auge morreu junto com o dono. Após a morte de Victor Costa em 1959 a emissora foi perdendo força, sucateada, até ser vendida para a Rede Globo. E do inicialmente "patinho-feio" da televisão paulistana se tornou a emissora de maior audiência.

E eis a terceira pioneira. A Record. Hoje é a emissora mais antiga da América Latina. Foi a que ficou e por pouco! Há quem diga que não é mesma emissora. Que depois da venda para Igreja Universal, em 1990, daquela só restou o nome. Não apóio a informação, nem nego, pois a televisão em si é um meio mutante. Sem exceção, todas as emissoras passaram por transformações bruscas, perderam suas linhas originais. Algumas, até sua filosofia e público-alvo.

Hoje posso dizer que comemoro os 55 anos da televisão. De um lado trabalhando com os pioneiros da TV, na Pró-TV (presidida pela mesma Vida Alves lá dos primórdios) - onde buscamos, há dez anos, preservar a história da televisão e criar um Museu para o meio. De outro lado, participando da primeira webnovela interativa do mundo, "Umas & Outras", da AllTV (a primeira televisão via Internet... até que ponto a nossa televisão chegou!). E no meio, sendo radialista e tentando sobreviver. O passado, o presente e o futuro. Fica esta análise, de toda essa trajetória, para que todos comemorem assim como eu. Comemorem... e critiquem quando for preciso! Afinal, como componentes do meio temos o total direito de querer o melhor para a nossa televisão.


Nota do Editor: Elmo Francfort é Assessor da Presidência da Pró-TV - Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira, Diretor Multimídia do Núcleo de Teledramaturgia da AllTV, escritor e pesquisador da "Coleção Aplauso" (Imprensa Oficial).

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