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Opinião
17/09/2005 - 12h59
O ocaso de um traidor
José Nivaldo Cordeiro - MSM
 

Foi consumada a cassação de Roberto Jefferson. Merecido. Traidores não são perdoados nem no mundo do crime. Seu gesto de usar a inconfidência para se vingar não poderia ter dado em outra coisa além de colocar toda a classe política contra si. Foi seu melancólico final político. Não houve virtude em suas ações, em nenhum momento. Movido pelo ódio e pela sede de vingança, perdeu-se em meio a revelações de que todo mundo bem informado já sabia, gerando as manchetes jornalísticas que lhe condenaram no meio de seus pares. Por um momento até temi pela sua vida, mas não temos criminosos políticos intrépidos a esse ponto. Sorte sua.

Em outro artigo escrevi que, se nas CPIs os réus tornassem-se julgadores e os julgadores, réus, pelos mesmos processos e mesmos crimes, nenhuma injustiça seria cometida, ressalvando-se as exceções de regra. E as condenações seriam idênticas, trocando apenas os nomes. São todos culpados, como a política é culpada. A singularidade de nosso tempo é que o descaramento de nossa classe política alcançou contornos de escárnio ao deixar-se filmar pelas câmaras de televisão, mas nada de substancialmente diferente do que se faz em política desde sempre. Reafirmo o que escrevi. Minha descrença nos poderes desse mundo vem da observação direta. Depois de viver quase cinco décadas não tenho o direito de me enganar.

Defendo a condenação dos culpados. Defendo que as penas não se esgotem na esfera política, mas se estendam na esfera jurídica, nos tribunais. Afinal, quase tudo na vida é teatro, são papéis não decorados em que os atores são movidos pelos atrativos irresistíveis do poder, do dinheiro e do sexo. Assim é a humanidade, desde sempre. O show da política, como a vida, tem que continuar.

Jefferson tornou-se mais singular porque sua inconfidência trouxe o benefício inesperado de desacreditar o PT e o presidente Lula. Aliás, de toda a esquerda expôs a podridão e as mentiras que lhe são peculiares e que tão bem vinham escondendo. Isso inscreveu o parlamentar de forma indelével nas páginas da História. Talvez tenha salvado o Brasil de uma tragédia de grandes proporções, que se desenhava com a possível longevidade do PT no poder. Seu vício pessoal tornou-se uma virtude pública não esperada. Ao mesmo tempo, revelou o característico traço de caráter de nossos revolucionários de botequim, ora no poder, com sua psicologia de barnabés. Contentam-se com uma boquinha no serviço público, seu ímpeto mudancista esgota-se com sua nomeação no Diário Oficial, para os muitos e, para os chefes, com as malas de dinheiro, produto de suas negociatas.

Não conseguimos ter um criminoso empedernido como um Hitler ou um Stalin. Dirceu, o "sai já daí", que pensei que tivesse tutano e fosse o arquétipo do criminoso revolucionário, revelou-se um delinqüente menor, um fanfarrão inconseqüente, um cagão. Não foi capaz de dar a grande ordem. Estamos fadados à mediocridade até na capacidade de cometer crimes políticos. Dirceu recolheu-se ao que é, um manipulador da máquina partidária, um Richelier caipira. Um insuflador estudantil, que se comporta como adolescente aos sessenta anos.

Virou-se uma página na História. O saldo é positivo para o Brasil.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.

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