O Bom: há que endurecer, mas sem perder a ternura jamais. O Mau: não tenho dinheiro algum no exterior. Jamais fui corrupto. O Feio: abri essas contas no exterior a mando de meu pai. Três homens, três histórias. Dois, quase com a mesma idade. Um morto em 1967 pelas forças imperialistas do capitalismo. Outro, o retrato da existência medíocre da ganância. O terceiro, o filho do Mau, apenas repetição do modelo da mediocridade. O Bom deixou o legado para os filhos da liberdade: nossos filhos devem possuir as mesmas coisas que as outras crianças, mas eles devem também ser privados daquilo que falta às outras crianças. O Mau fez de seu filho braço direito no antro da corrupção: fui algemado e isso é um ultrage à minha pessoa. O Bom morreu pobre sem vintém, adormecido nos braços sonhadores da poesia. O Mau ergueu suas mãos aos céus e bradou: Por quê me abandonaste, fui seu filho um dia? - Odeio corruptos! Exclamou o Altíssimo, num dar de ombros! O Bom foi chamado de louco e idealista: muitos me chamarão de aventureiro, e sou, só que de um tipo diferente. Sou dos que põe a vida em risco para demonstrar suas verdades. O Mau foi preso, ladrão e mentiroso: não sou titular das contas, mas apenas o beneficiário. O Bom lutou contra todas as formas de opressão social: acima de tudo, procurem sempre sentir profundamente qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário. O Mau provocou injustiça social: 300 milhões de dólares depositados em contas bancárias em Genebra, em Paris, nos Estados Unidos etc. etc. O Bom ergueu suas mãos aos céus e cantou: os poderosos podem destruir uma, duas ou três flores, mas nunca deterão a primavera. O Mau será conhecido como um dos maiores bandidos de todos os tempos: Salin malufou! O Bom deu sua vida por uma causa: deixe-me dizer, com o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é feito de grandes sentimentos de amor. O Mau fez de sua mulher e o Feio beneficiários de desvio de dinheiro público, em contas bancárias abertas no exterior: amo Silvia e meus filhos! O Bom era chamado Ernesto, o Mau doutor Paulo. O Bom era médico, o Mau, ladrão! Um a história abençoou Che Guevara, outro a Justiça condenou prisão. Ambos filhos da mesma espécie. Um, sonho de liberdade! Outro, retrato de um cão! Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamas! Ao Feio, resta a conclusão: Salinzinho, filho de Maluf, ladrãozinho é!
Nota do Editor: Douglas Mondo é advogado, escritor e presidente da Tv Japi Mais.
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