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Opinião
18/09/2005 - 14h45
Conquista da credibilidade
Pedro J. Bondaczuk
 

Os meios de comunicação, com todas as suas deficiências, naturais quando se trata de alguma obra humana, são indispensáveis nas sociedades contemporâneas. Não se concebe, hoje em dia, uma civilização, que realmente mereça essa designação, sem telefones, jornais, rádio, televisão e Internet, com sua multiplicidade de portais e de blogs, que não param de ser abertos.

O norte-americano Leon Martel constatou que "a informação está rapidamente substituindo a energia como principal recurso de transformação da sociedade". E nem é preciso recorrer a nenhuma citação de jornalistas, escritores, sociólogos, antropólogos ou de qualquer outro tipo de intelectual para essa constatação. A imprensa, fenômeno relativamente recente no mundo, veio para ficar. É (ou deveria ser) a guardiã da cidadania.

Todavia, os meios de comunicação de massa, dependendo de sua natureza (no caso, jornais e revistas), contam com limitações de tempo ou de espaço para retratar com exatidão a realidade e manter o público rigorosamente bem informado sobre tudo o que acontece em todas as partes do mundo.

Em geral, os acontecimentos, aparentemente triviais, envolvendo pequenas comunidades, cedem lugar a fatos nacionais, tidos como mais relevantes, mas muito mais distantes do dia-a-dia do cidadão. Daí a necessidade e a importância da chamada "imprensa segmentada", ou "alternativa", ou "nanica", ou tenha que designação tiver, que são os órgãos de classe, os jornais de bairros, de paróquias, de sindicatos etc. Entre outras coisas, eles abrem importante opção para os anunciantes, sobretudo os de médio e pequeno porte, que não têm condições de arcar com os elevados e crescentes custos das grandes empresas jornalísticas.

Qualquer meio de comunicação, contudo, para se firmar e sobreviver, precisa contar com um fator absolutamente indispensável, sem o qual não prospera e deixa de existir quando menos se espera: credibilidade. O jornalista norte-americano Edward R. Murrow afirmou: "Para sermos persuasivos, é preciso que acreditem em nós. Para que acreditem em nós, precisamos ser confiáveis. E para sermos confiáveis, precisamos dizer a verdade". E a verdade é mais do que simples conceito ou ideal.

Portanto, principalmente no que se refere à mídia impressa (jornais e revistas), a maior conquista que esses veículos, sejam de que porte forem, podem obter ao longo da sua existência, é a absoluta credibilidade junto aos seus leitores, anunciantes e à comunidade a que se propõem a servir. E isto só se consegue com trabalho sério, competente, dinâmico e permanente e com absoluto respeito para com o público ao qual se destina. É conseqüência, sobretudo, de uma postura ética firme, correta e imutável, sem jamais transigir. É fruto da exatidão obsessiva naquilo que veicula e de inabalável compromisso com a verdade. É resultado de independência, combatividade e de intransigente defesa da justiça, sejam quais forem as circunstâncias ou entidades envolvidas.

O que seria do mundo sem uma imprensa livre? Os cidadãos sentir-se-iam inseguros até para sair de casa sem essa tribuna democrática para denunciar as mazelas e a prepotência dos que se valem do poder público ou do econômico para promoverem interesses pessoais. A sociedade, inclusive, poderia até mesmo se desorganizar, com os indivíduos sentindo-se, ameaçados em sua integridade, criando leis próprias, calcadas apenas na força e/ou fazendo "justiça" com as próprias mãos. Seria a barbárie.

Não é mera coincidência o fato das maiores atrocidades e genocídios acontecerem onde a atuação dos órgãos de divulgação é restringida e controlada pelo Estado. Ou seja, onde a imprensa é manietada e amordaçada e impedida de exercer a sua missão de informar e alertar a opinião pública.

Esta, porém, muitas vezes de forma até involuntária, é criadora por excelência de estereótipos. Com o passar do tempo, de tanto o modelo estereotipado ser imitado, finda por se tornar concreto. Da mesma forma que os órgãos de comunicação podem ser utilizados para opor resistência a tiranos e tiranias, se prestam a perpetuar ditaduras. Não é por acaso que quando se dá um golpe de Estado, os primeiros pontos a serem tomados pelos golpistas são as emissoras de rádio e televisão e as redações de jornais.

O mesmo meio com o qual se pode despertar a consciência das pessoas, se mal empregado, tende a alienar os cidadãos, principalmente quando se trata da televisão. Esse veículo, pela sua instantaneidade, é virtualmente imbatível em termos de ser o primeiro a dar a notícia. Se mal utilizado, porém, tende a causar males enormes, quiçá irreversíveis.

O jornalista francês François Henri de Virieu, num ensaio publicado pelo "Caderno de Sábado", do "Jornal da Tarde", há já alguns anos, constatou: “... O sistema midiático, isto é, a televisão e todas as redes por cabo, fibras ópticas, feixes hertzianos ou satélites que fazem circular a informação, pesa cada vez mais em nossa vida política e social. Ninguém comanda verdadeiramente este conjunto. Não há mais cidadão Kane, pois as responsabilidades estão muito diluídas. Mas todas as nossas instituições são afetadas por ela". E como são... Empenhemo-nos, pois, para que essa influência seja sempre para o bem, para difundir princípios imprescindíveis como ética, justiça, inclusão social, cidadania etc. etc. etc.


Nota do Editor: Pedro J. Bondaczuk é jornalista e escritor.

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