Li, na Folha, parte do pronunciamento da petista Srª Drª Marilena Chauí, Catedrática de Filosofia da Universidade de São Paulo, afirmando que... "tanto ódio ao PT. Eu sei hoje por quê: é porque nós fomos o principal construtor da democracia neste país". A frase parece-me injusta e indicativa de que a Senhora Filósofa perdeu-se no tempo. O PT pode ser criado porque os valorosos patriarcas do MDB, OAB, ABI, Comissão de Justiça e Paz da Igreja Católica, Conselho Mundial das Igrejas, autores do "BRASIL: NUNCA MAIS" e tantos outros, criaram as condições para a democratização, a anistia e o pluripartidarismo. Este criando a dispersão de forças contra a qual alertava sabiamente o Dr Diretas, Ulisses Guimarães. "Não nos dispersemos". Resposta às impropriedades da Drª Marilena Chauí foi dada pelo Dr Tito Costa, em correspondência encaminhada à Folha de São Paulo e publica no caderno A3 de 15 de setembro de 2005 e que transcrevemos a seguir: "PRETENSÃO E EQUIVOCO" - "O PT ainda não existia quando eclodiram as históricas greves dos metalúrgicos em São Bernardo (1978-1981). Como Prefeito daquela cidade à época (MDB - l977/1982), fiz da prefeitura o quartel geral da resistência contra a perseguição aos grevistas e contra os desmandos do regime militar. Ali, estiveram comigo, em vigília constante, Theotônio Vilella, Fernando Henrique, José Carlos Dias, Orestes Quércia, Mário Covas, Almino Afonso, Fernando Moraes, Montoro e tantos outros para apoiar Lula e os grevistas, enfrentando todos os riscos." Samuel Wainer, o grande jornalista, escreveu nesta mesma FOLHA que São Bernardo era a capital social do Brasil, a "República de São Bernardo". Foi nessa época, antes de existir o PT, que houve a luta pela democratização do Brasil, pela abertura política, pelos direitos fundamentais inscritos depois na Carta de l988. Não venha agora dona Marilena Chauí dizer que o PT é odiado por ser o construtor da democracia neste país. É pretensão demasiada, além de equívoco histórico". (Tito Costa. Ex-prefeito de S. Bernardo e ex-deputado constituinte). É lamentável que, as paixões políticas, levem nossos intelectuais a perderem o senso de avaliação dos fatos históricos. Já a citação do grito "NO PASARÁN" de Dolores Ibárruri Gomes - La Pasionária - (1895-1989) parece confirmar que, a filósofa da USP, perdeu a noção do tempo, dos mores ibéricos e nunca ouviu um espanhol castiço cantar: "Carrascas, carrascas que bonita serenata", com o lugar que lá cabia à La Pasionária. Infelizmente esse lugar não pode ser colocado neste texto, sem ser indelicado. Felizmente as idéias e as pessoas que La Pasionária afirmava: "NO PASARÁN", passaram e estão florescentes na atual Espanha democrática, próspera que, depois das agruras criadas pelos encontros ideológicos, soube desenvolver o diálogo intercultural, criar dois partidos sólidos, e permitir alternância no poder sem traumas e conflitos. Partidários que sempre fomos do diálogo entre culturas, idéias e interesses para conseguir a paz e do respeito ao pluralismo e às diferenças, interpretamos que os supostos radicalismos, da Doutora Marilena Chauí, são desabafos nervosos neste momento de humilhação e tristeza que vive o PT. Entretanto não deve perder-se de vista que a ordem, o progresso, o desenvolvimento, a distribuição de riquezas só serão conseguidos com a união de todas as forças vivas da nação, em clima de honestidade, igualdade, justiça e paz. Nesse sentido e na nossa avaliação, partidos políticos e governantes tem uma grande dívida com a NAÇÃO. Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.
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