as proibições devem ser proibidas no Brasil?
- Pois eu juro por Deus que eu vou votar em branco em todas as eleições que tiver daqui pra frente. - Que é isso cara? Também não é assim... - Se não é assim, como é que é? - É que a gente vive numa democracia, e o voto é essencial para... - Se é essencial, os outros que votem. Eu não voto mais. - E nesse referendo aí, das armas? - É, e vai começar por esse mesmo. Em branco. - Mas você não pode se omitir num assunto desses! - Por que é que não posso? É claro que eu posso! - Mas as armas, você tem que dar a sua opinião! - Pra te falar a verdade, eu nem tenho uma opinião, você tem opinião? - É claro que eu tenho. - Pois então qual é a sua opinião? - Eu sou contra as armas, é claro. - Contra as armas eu também sou, oras, mas não é nisso que você vai votar. - É claro que é. - Não é não. Você vai votar se é a favor da PROIBIÇÃO da venda de armas. Para ser mais exato, você vai ter que responder sim ou não para a pergunta: o comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil? - Então, é a mesma coisa. - Pois não é. Se você votar sim, você vai estar restringindo o direito de uns caras venderem armas, outros de comprarem, outros de simplesmente terem uma arma. Tudo bem, eu sou contra armas. Mas o meu pai, por exemplo, um pacífico professor de matemática do ensino secundário, tem um revólver escondido. Ele se acha mais seguro com ele, sei lá. Mas se ele quer ter, problema dele, oras. - Dele e de quem levar um tiro por engano. - É, pode ser. Mas todo ano morre um monte de gente atropelada e eles nunca pensaram em proibir os carros, pensaram? Pois então. E atropelamentos também são um engano, não são? - É, são. - Pois então. Agora, se tem um monte de caras aí que quer comprar armas, que comprem. Se houver um acidente, eles que resolvam o problema na justiça ou seja lá onde for. Ninguém tem o direito de falar o que a gente pode ou não pode fazer. - Isso quer dizer, então, que você vai votar a favor das armas? Aí, em vez de uma resposta, ele deu foi um tabefe na orelha do infeliz. - Não. Eu vou votar em branco. E saiu andando, assobiando "Yellow Submarine".
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