Os cistos dolorosos que costumam aumentar no período pré-menstrual são as alterações nodulares mais comuns que ocorrem nas mamas. E não se transformam em câncer. "A cada dez nodulações palpáveis nas mamas, oito são benignas", afirma o Dr Nawiton Dias da Silva, ginecologista do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos. O Dr Nawiton explica que existe um outro tipo de tumor benigno, o fibroadenoma, também freqüente em mulheres na faixa dos 30 anos, que pode ser tratado com uma pequena cirurgia, geralmente com anestesia local. De acordo com o médico, essas são as chamadas Alterações Funcionais Benignas da Mama (AFBM), antigamente conhecidas como displasias mamárias.

Diagnóstico - As AFBM são diagnosticadas por exame clínico das mamas, que deve ser feito rotineiramente em consulta ginecológica, a cada seis meses. Elas se caracterizam por dor mamária e nodulações palpáveis, que costumam surgir após a primeira menstruação (menarca) e tendem a desaparecer com a menopausa, geralmente se acentuando no período pré-menstrual. Os fatores relacionados com AFBM são hormonais, emocionais e metabólicos.

Fator hormonal - O estrogênio, um hormônio produzido pelo ovário, age sobre o tecido mamário promovendo alongamento e dilatação dos ductos (canais por onde circula o leite materno), induzindo à proliferação de células e à retenção de sódio e água, o que gera o acúmulo de líquido dentro da mama e, com isso, provocando dor. "O estrogênio é produzido de forma cíclica no organismo feminino, criando condições para a formação de pequenos cistos, visualizados facilmente em exames ultra-sonográficos de rotina", observa o Dr Nawiton.

Fator emocional - Mulheres com intensas dores nas mamas costumam ter nível elevado de estresse, além de sintomas de ansiedade ou mesmo de depressão. Sabe-se também que muitas das que vão ao médico com dor mamária procuram, na verdade, ajuda para superar seu medo de câncer de mama.

Fatores metabólicos - O perfil lipídico de mulheres com dor nas mamas e cistos mamários podem estar alterado e isso leva a uma maior sensibilidade das mamas aos hormônios, especialmente o estrogênio.

Tratamento - "A conduta para mulheres com AFBM deve ser feita com bom senso, evitando-se a prescrição indiscriminada de medicamentos", observa o Dr Nawiton. Segundo ele, os especialistas preferem hoje adotar uma conduta não medicamentosa, baseada em princípio na orientação verbal. "Explicamos com detalhes a natureza e a evolução do quadro, sua origem, a ausência de risco para o câncer, e a evolução natural esperada dos sintomas", esclarece o médico. Além disso, mudanças de hábitos alimentares, como menor ingestão de chá, café e chocolate e de alimentos gordurosos podem auxiliar no alívio dos sintomas.