Temos, no Brasil, nada mais, nada menos, que 29 (vinte e nove) partidos políticos. Haja ideologias políticas diferentes! Os nomes são similares e repetem conceitos (trabalhismo, socialismo, democracia, cristianismo) que nada significam em termos ideológicos, de filosofia política e projetos de governo. O trabalhismo aparece no nome de quatro ou cinco partidos. Prestando bem atenção, os trabalhadores, nunca estiveram mais desamparados e esquecidos. Os eleitos, pela boa vontade ou ingenuidade dos trabalhadores e dos menos favorecidos, quando chegam aos parlamentos ou aos poderes executivos esquecem os eleitores e favorecem os próprios bolsos, amigos, financiadores de campanhas, empresários, banqueiros, e tudo e todos que mantém e reforçam a concentração de renda, em mãos de poucos, fazendo, do Brasil, um dos países mais desiguais do mundo. Já inclusos nas elites econômicas, passam, usando de hipocrisia deslavada, a criticá-las, para iludir os eleitores. Esse número de partidos, a inexistência de fidelidade partidária, de lideranças destacadas e aglutinadoras, a existência de caciques, coronéis, donos de partidos, facilidade para trocar de partidos e trair o eleitor, associar-se a igrejas cujo principal deus é o dinheiro e até a empresários do crime, criam um ambiente político que não permite, em curto prazo, acalentar esperanças de termos um país estável, próspero, honesto e equânime. Esse quadro projeta uma sociedade política indisciplinada, individualista, egoísta e da qual não pode se esperar seriedade e grandeza. A crise e as CPMIs estão provando até onde podem ir as negociações escusas, a compra de votos, vontades, consciências, comportamentos e os efeitos nocivos dessa pulverização partidária. Estão evidenciando também como um partido sem nenhuma ética, carente de honestidade, adepto da violência, da mentira, da fraude e com domínio sobre ministérios, estatais, Polícia Federal, Banco Central, afinado com bancos privados e públicos, redes de comunicação e empresários corruptos, pode levar o país a aventuras e descalabros se não tiver contraposição vigilante da sociedade, da imprensa, da Justiça e, principalmente, dos partidos de oposição aos quais cabe a ação fiscalizadora. A experiência prova que, não havendo fiscalização, esses perigos se repetem nos Estados e Municípios. Os métodos utilizados para eleger, neste quadrante da história do mundo e de nossa estrutura política e econômica, um comunista Presidente da Câmara dos Deputados e deputados se dobrarem a ameaças, agrados, afagos, verbas, cargos... é preocupante. O pisca alerta da sociedade deve ser ativado. Certamente o referendo sobre desarmamento faz parte desse processo de dominação de nossa sociedade insegura, empobrecida, iludida e desamparada. Como escreveu o insuspeito Presidente dos EUA, Benjamin Franklin: "QUANDO TODAS AS ARMAS FOREM DE PROPRIEDADE DO GOVERNO, ESTE DECIDIRÁ DE QUEM SERÃO AS OUTRAS PROPRIEDADES". Poderíamos acrescentar: "de quem serão os direitos individuais e coletivos". As prisões espalhafatosas e, segundo nossa avaliação de leigo, contrarias a vários incisos da Constituição Federal e aos artigos 5° e l2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, dos donos da Schinchariol, Daslu, o tratamento diferenciado dado ao doleiro que denunciou Maluf e ao que denunciou a turma que está no governo, devem alertarmos para a podridão no reino da Dinamarca dos Trópicos Meridionais. A podridão é tanta que não querem abrir as contas dos Fundos de Pensão, apurar como são desviados os quatro bilhões de reais que, segundo Maurício Marinho (o suposto ladrãozinho de galinhas ou dos R$ 3.000,00 de suborno), somem, anualmente, dos cofres dos Correios, ou aqueles que desaparecem da Petrobrás, Furnas, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Loterias etc. etc. Para iludir-nos, revoltar o povo, distrair nossa atenção do que é importante, grave e transcendente, descobrem fraudes no futebol, dinheiro da Xuxa, do Romário e de mais três mil, em paraísos fiscais. Quantos desses três mil participam do governo? Alguns já foram indicados. Pretende-se, com isso, abrir novos flancos e nada apurar. Haja paciência! A situação vivida nos três poderes e nos três níveis de governo não está resistindo aos princípios mais elementares de educação cívica. Só para citar um exemplo. (A referência não pretende atingir ninguém individualmente). O eleitor já pensou na falta de respeito, de vergonha, de espírito associativo e de gratidão praticada por aquele político que se elege uma, duas ou mais vezes, por um partido, com 20% de votos individuais e 80% votos da legenda e, eleito, muda de partido, trai seus princípios e seus eleitores e passa a criticar aqueles que contribuíram ou lhe doaram 80% dos votos para que fosse eleito? Essa esbórnia nem os filhos prediletos de Macunaíma explicam! É nosso cardápio diário. Com esse desregramento e indisciplina partidária nunca teremos seriedade política, fiscalização eficiente dos governos e respeito ao eleitor. Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.
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