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SEÇÃO
Crônicas
06/10/2005 - 17h46
Por incrível que pareça
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Corrupção não é um problema só do Brasil, tanto assim que existe uma organização chamada Transparência Internacional, encarregada de, anualmente, listar os países de acordo com o uso de práticas corruptoras, avaliadas por uma padronizada metodologia. Todo mundo fica indignado diante desse problema; mas será que existe alguém capaz de elogiar a corrupção? A pergunta ocorreu-me esses dias, e, em busca de uma resposta, entrei na internet e digitei as palavras "in praise of corruption" ("elogiando a corrupção"). Para minha surpresa, de imediato apareceu um artigo exatamente com esse título; por incrível que pareça, defende a corrupção com unhas e dentes. E o autor é ninguém menos que o professor Robert H. Nelson, um "scholar" que trabalha com sociedades africanas, sobretudo o Quênia, que é objeto de sua análise.

Corrupção é uma coisa boa, diz o professor Nelson, e explica por quê: "Quando um governo faz leis economicamente prejudiciais, a solução ideal é repeli-las. Se isto não é possível, então é preciso driblá-las, o que é possível com a corrupção, um procedimento mais barato do que o prejuízo econômico resultante de leis inadequadas... Mais corrupção significa menos controle burocrático - e mais negócios, mais competição de mercado, maiores salários e maiores lucros (que, aliás, geram impostos)". A corrupção, continua o nosso professor, é uma maneira prática de fazer os burocratas trabalharem. A corrupção reduz custos: mercadorias contrabandeadas são mais baratas do que aquelas importadas por canais normais.

O professor não aprova a corrupção em todas as circunstâncias; um Judiciário corrupto, diz ele, pode ser um problema. Também existe o risco de que a corrupção aja de maneira paradoxal, estimulando governos (corruptos) a editarem leis cada vez mais rígidas, capazes de tornarem a propina e o suborno praticamente obrigatórios.

O artigo é apresentado como "uma provocação" de um economista acadêmico. Provocativo ele é; mais, é até ultrajante, sobretudo quando lido no Brasil, um país que luta com o problema há cinco séculos. Mas num aspecto ele não deixa de ter razão. Corrupção é parte de um contexto, um contexto de miséria, de atraso, de ignorância, o mesmo contexto que gera administrações ineptas e safadas. Corrupção tem de ser combatida com o maior vigor - dentro de uma política abrangente de progresso e de justiça social.

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