Com 101 dias de crise, o homem de Nervos de Aço cumpriu a trajetória calculada de arriscar ser boi de piranha e salvar-se em rio de águas turvas. Roberto Jefferson foi devidamente expurgado do Congresso após prestar serviço dos mais relevantes ao país: deixou o rei, o PT e seus vassalos nus, abriu as portas do inferno da mais criminosa associação para delinqüir de que nossa história tem notícia - e olhe que, de coisas escabrosas, o Brasil pensava já ter visto tudo - denunciando o esquema de um partido para perpetuar-se no poder e levar o país a uma ditadura "socialista" inspirada em Havana, Pequim e outros tugúrios cavernosos. Aos desnudados, só lhes resta o caminho de tumultuar radicalmente o país e levá-lo à guerra civil, já que "na manha" não deu certo. Obrigado, Jefferson, e parabéns pela cassação. Faltam, porém, muitos. Se mais de 80% da população não acredita nos políticos, em seus partidos ou instituições, se Câmara de Deputados e Senado Federal, se órgãos estaduais e municipais contam com a mais soberana descrença e desconfiança populares, até seus atos mais inocentes, altruístas e produtivos estarão sob suspeita por décadas. Se temos um Judiciário que distribuiu generosamente habeas-corpus às mãos cheias para depoentes das CPIs poderem mentir à vontade, ou para impedir que deputados do PT fossem parar no Conselho de Ética (sic!) e, posteriormente, serem cassados; se o desgoverno e o descalabro do Executivo são tais que estamos em 119º lugar na distribuição de renda e em 5º na dificuldade burocrática do uso do Estado no mundo, realmente a atual classe política é um desastre e, sua atuação, uma vergonha. Seria a hora de uma nova Constituinte, da atuação decidida e corajosa do povo para expurgar a piranhagem e de profunda reforma em todos os códigos legais, a começar pela Constituição e terminando no Código Penal. Seria a hora de um processo duro e eficiente, corajoso e decidido de limpeza ética, moral e comportamental na vida pública. Seria... Porque esta oportunidade não vai acontecer, pois o que vemos é uma crise anunciada e prevista por todos os participantes do circo que aí temos. Eles têm medo. Não querem correr riscos. Não fosse assim jamais, em hipótese alguma, veríamos essa insanidade de proibir o comércio de armas legais, promovido por um governo de fundo golpista, contar com a adesão ampla, geral e irrestrita de tantos políticos de todos os partidos e de todos os matizes. O referendo de 23 de outubro será o diploma de imbecil que esses, que tanto temem a justa ira popular, darão à cidadania, aos que trabalham e produzem, aos que geram empregos, salários, receitas e renda, que ainda têm o direito de legítima defesa assegurado e que o perderão porque a classe política tem medo da bronca popular. Somos terminamente contrários às armas nas ruas, senão nas mãos de quem mantém a ordem pública e de profissionais qualificados. Mas impedir-nos de garantir a segurança de nossas casas e de nossos locais de trabalho é criminoso, é perverso e absolutamente irresponsável. Quando o MST, armado com seus AK47, fuzis AR-15 e outras armas ilegais invadir fazendas, teremos de aplaudi-los. Quando misteriosos grupos urbanos invadirem edifícios, empresas e seqüestrarem, roubarem e assassinarem com suas armas ilegais, teremos de aplaudi-los. Qualquer policial, por mais inexperto que seja, confirma que ladrões evitam entrar em residências onde supostamente possa haver gente armada. O mesmo se passa com seqüestradores, estupradores, vai por aí a fora. Por que, então, violentar o direito de legítima defesa até aqui assegurado pela Constituição, senão porque sabiam que, mais hora, menos hora, a sujeira toda seria tão grande que apareceria, e nada melhor, para livrar a própria cara, que deixar a vítima desarmada? Por que as estatísticas mentirosas? Assim ocorre hoje, aqui e agora. Seremos, breve, vítimas desarmadas do crime organizado, desorganizado, de políticos rapinantes e de um Estado que, ao invés de garantir a vida de seu povo, o condena à mais absoluta impossibilidade de reação quando o crime chegar às suas casas. Sem alternativa possível, pois assim querem os que fizeram, da vida política, um estelionato permanente cujo alvo é você! Nota do Editor: Caio Martins é Jornalista e editor da Revista DECON, São Caetano do Sul - SP.
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