Há modismos lingüísticos que chegam pelas mais variadas formas. Vamos dizer aqui daqueles que chegam via instituições e especificamente da área da educação do litoral norte, pra fechar ainda mais o circuito. E essa coisa vem do setor dito técnico, através das reuniões pedagógicas. Educador é louco para gostar dessas coisas. Pedagogo adora modismos lingüísticos próprios. Envernizar discurso é com ele mesmo; compõe assim, o pedagoguês, parafraseando o José Simão da Folha, inventor do tucanês e do dicionário lulês. Ultimamente o que proliferou muito foi o tal do vou estar fazendo isto, aquilo. Vou estar indo, vou estar almoçando etc. É vou estar que não acaba mais. E todos adotam, não se tratando de uma idiossincrasia comentá-los; os modismos. É que modismo peca por falso, por pedante, por vazio e por inútil. Acima de tudo por falta de personalidade. E no caso é gerundismo e está errado. Houve época do efetivamente. Para tudo, era o tal efetivamente que entrava na passarela: "Efetivamente, considero que a atual conjuntura exige uma postura firme diante da necessidade premente de embasarmos com evidências efetivas o discurso político, diante das reais dificuldades sociais que faz dos excluídos um vivente das agruras, próprias da mais cruel marginalidade, numa economia que gaba-se em ser a oitava do mundo. Efetivamente, companheiros! Assim não dá!" Propositadamente inventei o discurso acima para ilustrar uma situação, que de formas e fôrmas diferentes cansei de presenciar, e que caberia muito bem em 99% das bocas dos políticos de hoje. Mas o tal do vou estar isso e aquilo, já foi longe demais. Daqui a pouco, a Secretaria da Educação vai estar criando mais um projeto redentor da família e da própria educação e lá virão, ou, vão estar vindo os técnicos com os novos modismos lingüísticos inerentes ao futuro projeto. Por outro lado, contrariando a capacidade criadora dos modismos, o salário do professor completa este ano o seu 10° aniversário sem aumento, o DASA, que acaba de ganhar sigla DASA (Dez Anos Sem Aumento) a criatividade oficial não parece numa hora dessas, pra se fazer coerente e justa. Enquanto isso, a cada mês vamos excluindo um produto, pelo menos, da nossa cesta básica. Falou-se tanto em mudança, na última eleição, que na prática ela está acontecendo. No próximo mês vou estar cortando mais dois produtos da minha compra mensal, vulgarmente apelidada de cesta básica. Mas que eu vou estar excluindo um (ou mais) produtos, vou estar mesmo. E vamos por aí estando, nesse "miserê" material e espiritual, companheiros! Há!... o Fome Zero? Nota Zero! Nota do Editor: Pedro Paulo Teixeira Pinto é professor e ex-prefeito de Ubatuba. (Fonte: Ubatuba Víbora)
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