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Crônicas
14/10/2005 - 15h00
Não tem ninguém aí que queira me corromper, não?
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Eu estava ali em casa, deitado, assistindo televisão, quando a campainha tocou. Fui atender, era um cara muito sorridente, de terno e gravata. Com uma maleta 007.

- Lindo dia, não?

- Olha, desculpa aí, mas eu não quero comprar nada...

- O senhor está enganado, eu não sou um vendedor.

- Certo, é daquelas igrejas que...

- Não, também não tem nada a ver com religião.

- Então é daqueles grupos que ajudam os cegos, né? Olha, na semana passada já passou um cara distribuindo uns envelopes, o envelope ainda deve estar por aqui, em algum lugar, e...

- Não, não... Não é nada disso...

- Mas o que é, então?

- Eu estou aqui para corromper o senhor.

- Não, muito obrigado, hoje não.

- Mas o senhor já foi corrompido alguma vez?

- Não, nunca, mas também não estou com vontade de me corromper agora.

- Oras, mas não vai lhe custar nada... Muito pelo contrário.

- Olha, é uma questão de princípios, sabe?

- Princípios são coisas muito relativas, senhor... senhor?

- Artur.

- Certo, senhor Artur. Não é por se corromper que o senhor vai perder os seus princípios.

- Como não? É claro que vou!

- Não vai. Veja aqui, os nossos planos. Tem tudo explicadinho, tim-tim por tim-tim.

- Hum...

- Está lendo aqui, na alínea três? A que trata sobre Ideologias e Princípios?

- Certo, quer dizer então que um corrupto ainda pode manter os seus princípios?

- Não todos, obviamente, mas a maioria.

- Mas e os vizinhos, o que vão falar de mim?

- Devo informar-lhe que seus vizinhos já se corromperam faz muito tempo, senhor Artur.

- Todos eles? Puxa vida...

- Para ser sincero, toda sua rua já foi corrompida.

- A rua?

- E o bairro.

- Caramba.

- Eu... eu posso ser sincero com o senhor, senhor Artur?

- É claro que pode.

- Não apenas todo o seu bairro, como toda a cidade, todo o estado e todo o país.

- Todo o país o quê?

- Já está corrompido, oras.

- Mas... e eu? Eu ainda não fui corrompido!

- Foi por isso que me mandaram aqui. O senhor é o último.

- Mentira.

- Verdade.

- Não é possível! Mas... e o meu pai? A minha mãe?

- Olha, eu não vou mentir para o senhor, mas na semana passada...

- Eu não quero ouvir mais nada, vamos terminar logo com isso.

- O senhor é quem sabe, senhor Artur...

- O que é que eu tenho que fazer?

- É só pegar esse cheque.

- Cheque? Nem ferrando. Eu só aceito dinheiro vivo.

- Isso mesmo, senhor Artur, o senhor já está pegando o espírito da coisa...

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