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Crônicas
16/10/2005 - 13h29
Dia da Criança, Dia do Adulto
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

No outro fim de semana, a tevê entrevistou pais e mães que, em várias cidades, estavam comprando presentes para o Dia da Criança. Entre essas pessoas, estava uma senhora que tinha adquirido um carrinho para a filha. O repórter perguntou se ela estava contente com a compra. Melhor teria sido uma boneca, foi a resposta. Melhor para a senhora ou para ela?, indagou o arguto jornalista, e ela, surpresa, teve de admitir: queria, sim, uma boneca, mas para si própria.

Não é a única mãe que está atrás de uma boneca, de um brinquedo que a faça retornar à infância. "Oh! que saudades que tenho / da aurora da minha vida / da minha infância querida / que os anos não trazem mais..." Os versos de Casemiro de Abreu falam de um sentimento não só brasileiro, mas universal. Voltar no tempo é impossível, mas temos uma maneira de recuperar a infância, através de nossos filhos e filhas (e também dos netos, mas isto, como mostra o manifesto do Movimento dos Sem-Neto, é um pouco mais difícil). A paternidade e a maternidade representam um pretexto para voltarmos a ser crianças, para brincar, para jogar, para contar histórias.

O que é importante. Sabem-no, melhor que ninguém, os escritores. Um ficcionista é alguém que mantém viva, dentro de si, a criança que um dia foi; que não hesita em recorrer à privilegiada imaginação da infância; e que, através da palavra escrita, estabelece uma ponte entre duas fases distantes da existência. Mas mesmo que não coloquemos no papel textos criativos, nós nos beneficiamos das oportunidades de um reencontro com esta criança interior. É por isso que existe um Dia da Criança e não existe um Dia do Adulto. O Dia do Adulto, para o adulto, é dispensável. Ninguém quer ser lembrado de que o tempo passou, que a aurora da vida ficou para trás e que o crepúsculo aproxima-se. Queremos, sim, sair às compras, queremos encontrar aquela boneca que, não sendo igual à de 20, 30 ou de 40 anos atrás, nos sorri da mesma maneira, nos fita da mesma maneira e nos pede que a tomemos nos braços.

Voltar atrás é bom, fantasiar é bom. Pelo menos uma vez por ano.

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