Nestes tempos difíceis que atravessamos, a cúpula petista está cheia de sérios candidatos a ator
Nestes tempos difíceis que atravessamos, há vários candidatos a ator, todos com enormes possibilidades de vencerem algum concurso patrocinado pelos que cultivam os bons hábitos de observar os fatos, analisá-los e, por fim, fazer as devidas deduções. Candidatos não faltam. Há, por exemplo, infelizmente, nosso próprio presidente, que parece viver em uma redoma inexpugnável, guardada pelos batalhões de bajuladores que, inelutavelmente, costumam cercar quem quer que detenha o poder. No caso de Lula, suas freqüentes declarações, além de manterem no ostracismo o velho Camões já tão agredido pelo péssimo ensino de nosso idioma, mostram um presidente alheio aos fatos gravíssimos que acabaram com o seu governo. A última de suas pérolas clama aos brasileiros que resistam a uma pretensa onda desenfreada de denuncismo contra o seu governo. Uma declaração dessas, além de evidenciar um espantoso alheamento a fatos que se passaram e quiçá continuam a ocorrer bem perto de seu gabinete, causam risos, porque vêm justamente de quem, desde os tempos em que ainda trabalhava no ABC paulista, pouco ou nada mais fez do que denunciar, denunciar e denunciar, muitas vezes levianamente... É, hoje, um bom candidato autista. Outro forte concorrente é o deputado Aldo Rebelo, feito presidente da Câmara por meio de uma espantosa operação de agressão à ética encetada pelo governo, que liberou fabulosas quantias a título de verbas para emendas dos parlamentares. Rebelo, comunista convicto e contrito, parece perdido no tempo e no espaço. Suas mais importantes “contribuições” ao país como parlamentar, após passar a juventude bajulando a União Soviética e a China de Mão e os anos seguintes endeusando as ditaduras de Cuba e da Albânia, foram aquele famoso projeto visando à proibição do uso de qualquer palavra inglesa ou de qualquer outra nacionalidade do uso escrito e falado, e a proposta de instituição do “dia do Saci”, apenas para contrapor-se ao Halloween norte-americano. Agora, na presidência da Câmara, empenha-se em fazer com que ganhem tempo os parlamentares governistas acusados da corrupção do “mensalão”, certamente para que não sejam punidos. É incoerente, porque a pizza, embora seja há muito uma iguaria internacional, é genuinamente italiana e, portanto, estrangeira e porque uma de suas primeiras providências ao ocupar o latifúndio que lhe serve de sala como presidente da Câmara, foi a de mandar pendurarem na parede o retrato de Simon Bolívar, um estrangeiro. É um candidato sério à premiação por incoerência. Outros que podem concorrer ao prêmio são os envolvidos no escândalo do “mensalão”, desde o ex-todo poderoso chefe do Komintern petista, Dirceu, que afirmou categoricamente que o governo que comandava da terra enquanto Lula o observava do alto de seu Airbus -, “não róba nem deixa roubar”. Recentemente, o camarada Daniel proclamou aos quatro ventos que cada vez mais está convencido de sua inocência no vergonhoso escândalo do mensalão, como se antes não o estivesse. Candidato dos bons, embora arrogante demais. Há também diversos parlamentares do PT que parecem desejar o prêmio, porque, ao tentarem nas CPIs e na Comissão de Ética tapar o radioso sol das denúncias com a peneira rota do diversionismo, mais parecem as Danaídes, aquelas infelizes gregas condenadas pelos deuses do Olimpo a passarem a eternidade tentando encher barris furados. Para não me acusarem de machista, proponho também o nome da senadora por Santa Catarina, Ideli Salvati que, entre um berro e outro e pronunciando a palavra “efetivamente”, com aquela voz grafada na pauta musical como notas suplementares superiores, tudo faz para desviar a atenção do foco principal, que são as denúncias contra o seu partido. Na semana passada, a referida senhora, simplesmente, escafedeu-se do plenário, acompanhada de outros parlamentares estrelados, para obstruir uma votação que convocaria para depor alguns companheiros em maus lençóis. É uma boa candidata, pois é uma boa atriz... Mas meu voto vai, certamente, para o Grande Canastrão, aquele sujeito com pinta de “sargentão”, que porta sob os suados sovacos um sebento livro que mandou redigir para revestir-se de poderes quase absolutos, e que denomina de “Constituición Bolivariana”. É claro que me refiro ao presidente da Venezuela, o mesmo que Lula adora como a um verdadeiro democrata, mas que dividiu o seu povo, colocando-o à mercê dos perigos de uma guerra civil, que forjou um referendo que exala o almíscar da farsa, que persegue quem quer que se apresente como oposição, que ameaça sacerdotes que seguem a doutrina reta da Igreja, que mantém milhares de presos políticos e que vem realizando criminosas desapropriações, de forma violenta e sem qualquer respeito ao direito de propriedade. Tem circulado pela Terra de Santa Cruz como um abutre sobrevoando o monturo de lixo, sempre defendendo o colega Lula, afirmando que as “elites” brasileiras inventaram essa história de mensalão para derrubar o governo “popular” do Brasil. Lula, por sua vez, retribui à altura, dizendo, entre um e mais de um erro de português, que a Venezuela de hoje é um exemplo de democracia. Um merece o outro, só que brasileiros e venezuelanos não os merecem. É o meu candidato, porque parece imbatível em sua canastrice, mais parecendo um personagem saído de um livro empoeirado da História da América Latina do passado, recheada de figuras tristes como a sua. As três grandes ameaças à liberdade no mundo de hoje são a ala fanatizada do Islã, a China com seu regime político sempre fechado e nada confiável e o Eixo do Mal, que visa a implantar na América Latina a “Revolução Bolivariana”, fruto adulterino e incestuoso do Foro de São Paulo, com signatários tão ilustres como as Farc e o MST. Quem nega isto, por estultice ou por conveniência de militante, que o faça, mas quem enxerga mais do que um palmo diante do nariz e preza a liberdade plena – política, econômica e cultural – tem o dever de denunciar este plano do mal. Com argumentos, atributo que fenece aos esquerdopatas, mas também com palavras duras, firmes, corajosas, patrióticas. Sem medo e sem ódio, porque ódio é o que devem sentir os povos esmagados em suas aspirações por esses loucos varridos; ódio é o sentimento dos milhares de presos políticos que gostam de colecionar e das famílias dos que mandaram assassinar em nome do Outro Mundo Possível. Eugenio Gudin, Octavio Gouvêa de Bulhões, Sobral Pinto e Roberto Campos e outros grandes brasileiros já se foram deste mundo, mas seu exemplo ficou e, felizmente, há gente disposta e lutar pela liberdade. Como cidadão, economista e professor, tenho o dever inescapável de mostrar aos concidadãos e aos jovens a importância da liberdade, o maior dos insumos para o progresso e condição necessária para a dignidade da pessoa humana. Se algum leitor vê ódio nisto, que vá se danar. Porque amanhã, como escreveu São Josemaría Escrivã, “algumas vezes, é prudência, mas, muitas vezes, é o advérbio dos vencidos”! Chega de empulhação! Nota do Editor: Ubiratan Iorio é Doutor em Economia pela EPGE/FGV. É Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ e Vice-Presidente do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (CIEEP), Professor Adjunto do Departamento de Análise Econômica da FCE/UERJ, do Mestrado do IBMEC, Fundação Getulio Vargas e da PUC/RJ. É escritor com dezenas de artigos publicados em jornais e revistas.
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