Meu caro amigo Hildebrando Baptista

Foi com enorme prazer que li sua carta. Falar da reforma da padaria da Thomaz Galhardo, da pólvora e da chuva, são novidades tão interessantes que despertou em nós, seus amigos aqui do outro lado da rua, uma vontade muito grande de trocar idéias sobre as atualidades da vila, aqui, na sala de visitas do amigo Sidney Borges onde ocasionalmente nos reunimos. É um lugar apropriado para os encontros sérios, mas sem compromissos. Até porque, sabemos que ninguém está se ligando muito para compromissos, muito menos sérios. Aqui no endereço do Víbora, como ele gosta de ser chamado, o ambiente é espaçoso e ventilado, não tem hora pra fechar, nem assunto proibido. Tudo o que se disser por aqui tem a marca da franqueza, coisa que só acontece entre amigos. É ruim ficar obcecado pelo lado negativo das coisas, achar que quem discorda é inimigo. Pelo contrário, o inimigo é aquele que concorda e te pega distraído na primeira esquina. Convide para as tertúlias o Ronaldo Dias, o Hugo Gallo, o Luiz Moura e tantos outros caras sérios que têm muito a dizer, desde que não sejam taxados de destruidores. Qualquer um só tem a ganhar com a opinião deles. Deixa rolar. Mas, por falar em franqueza, sugiro que você não use mais o p junto do t no seu nome. A junção pt é muito arcaica, não se usa mais porque é totalmente inútil e eu diria até perigosa. Hoje em dia o p não tem som e sua presença no nome traz equívocos, pois ninguém sabe para que serve, e está sempre no meio, atrapalhando. Baptista e Batista tem o mesmo som mas escrita diferente. Como o que vale é o preto no branco, fica a dúvida. Vamos acabar com as dúvidas, vamos fazer valer as pessoas.

Receba um grande abraço do seu amigo

Ubatubêncio da Silva

Nota do Editor: Renato Nunes é arquiteto e morador de Ubatuba, SP. (Fonte: Ubatuba Víbora)